segunda-feira, 25 de maio de 2020

QUEM SÃO, ONDE ESTÃO.





 História e Cultura: Quem são, Onde estão

Tata Kisaba Kavinajé(*)
Na classificação da Grande Enciclopédia Delta Larousse, o grupo que mais de perto interessa a este trabalho é o das línguas bantas ocidentais. E isto por causa da profunda influência que línguas desse grupo, como o Kimbundu e o Kikongo, exerceram na formação do Português que hoje se fala no Brasil.

Os Bacongos, cuja língua geral é o Kikongo em suas várias formas dialetais, habitam o Zaire, o Congo, o enclave de Cabinda e o norte de Angola e talvez tenham chegado a esses locais vindos da foz do Cuango. De lá, teriam tomado vários caminhos, com os Sundi indo até o lago Stanley e os Vili, Cabindas ou Fiotes atravessando a embocadura do rio Congo e se estabelecendo ao longo da costa. A maioria dos Bacongos, entretanto, se instala ao sul do baixo Congo, onde os portugueses vão encontrá-los no final do século XV.

Já os Bundos, cuja língua é o Kimbundu, se distribuem hoje em Angola, ao norte do rio Cuanza; e os Ovimbundos, cuja língua é o Umbundo, habitam ao sul do mesmo rio. Os ovimbundos têm como deus supremo Suku; e os Bundos (não confundir com ambundos, um de seus subgrupos), assim como os Bancongos têm como deus criador Nzambi.

Segundo a African Encyclopaedia (verbete Mbundo) tanto Bundos quanto Ovimbundos – caçadores, fazendeiros e mercadores – teriam vindo da África Central e Centro-Oriental para seus sítios atuais, seguindo uma rotina na vida dos povos de fala banta, toda ela marcada por uma série quase interminável de migrações, as quais, em movimentos sempre para sul e para leste, só se interromperam nos contatos traumáticos com os bôeres, nos séculos XVII e XVIII. E várias hipóteses procuram explicar sua origem e seus repetidos deslocamentos em busca de terras férteis.

Para J. H. Greenberg, os mais remotos ancestrais dos Bantos teriam seu habitat primitivo na região do Lago Chade e do médio Benué, na Nigéria de hoje, exatamente onde teria florescido a legendária Civilização de Nok, que teve seu apogeu de 900 ªC. até o século III da Era Cristã. De lá, teriam ido para a região do monte Camarões onde pela primeira vez se dispersaram – uma parte deles teria atravessado a floresta equatorial e se instalado nas savanas a oeste do lago Tanganica de onde teriam seguido em três direções: Atlântico, África Austral e África Oriental.

Segundo alguns autores, à época de maior esplendor da civilização egípcia, povos Bantos habitavam o Golfo da Guiné, de onde se teriam deslocado, entre os séculos I e V da Era Cristã, para a região dos Grandes Lagos, no Alto Nilo.

Outros estudiosos, ainda acreditam que vem antes de Cristo os ancestrais dos Bantos de hoje viviam entre os rios Ubangui e Chari, território das atuais República do Chade e União Sul-Africana. Dali, conforme esses autores, eles teriam se deslocado para o ocidente, cegando até os territórios de Camarões e Nigéria onde imprimiram um salto na qualidade de vida graças à implantação de técnicas agrícolas e de pastoreio, pois eram ferreiros cultivadores e foram dos primeiros entre os povos negro-africanos a dominar a metalurgia do ferro. Dessa região, entretanto – forçados por grandes ondas populacionais vindas do Norte tocadas pela dessecação cada vez mais rápida do Saara – eles empreenderam nova migração, desta feita em direção ao sul do continente africano.

O mais importante, porém, a considerar nessa série de migrações é que elas são contemporâneas de deslocamentos de outros povos com os quais os Bantos intercambiaram informações e conhecimentos. E o aprendizado da utilização do ferro, que teria sido introduzido na África Central e Meridional por volta do ano 100 ªC é o dado mais relevante em todo esse quadro.

Fonte:Lopes NEI. Bantos, Malês e identidade Negra


(*) Espedito Azevedo é filósofo, especialista em Administração Legislativa e Gerenciamento de Projetos. Iniciado por Jiboin d’Nzambi é hoje Tata Kisaba do Terreiro Tumbalê Junçara, dirigido por Tata Talamonakô.

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História e Cultura: Quem são, Onde estão

Tata Kisaba Kavinajé(*)
Na classificação da Grande Enciclopédia Delta Larousse, o grupo que mais de perto interessa a este trabalho é o das línguas bantas ocidentais. E isto por causa da profunda influência que línguas desse grupo, como o Kimbundu e o Kikongo, exerceram na formação do Português que hoje se fala no Brasil.

Os Bacongos, cuja língua geral é o Kikongo em suas várias formas dialetais, habitam o Zaire, o Congo, o enclave de Cabinda e o norte de Angola e talvez tenham chegado a esses locais vindos da foz do Cuango. De lá, teriam tomado vários caminhos, com os Sundi indo até o lago Stanley e os Vili, Cabindas ou Fiotes atravessando a embocadura do rio Congo e se estabelecendo ao longo da costa. A maioria dos Bacongos, entretanto, se instala ao sul do baixo Congo, onde os portugueses vão encontrá-los no final do século XV.

Já os Bundos, cuja língua é o Kimbundu, se distribuem hoje em Angola, ao norte do rio Cuanza; e os Ovimbundos, cuja língua é o Umbundo, habitam ao sul do mesmo rio. Os ovimbundos têm como deus supremo Suku; e os Bundos (não confundir com ambundos, um de seus subgrupos), assim como os Bancongos têm como deus criador Nzambi.

Segundo a African Encyclopaedia (verbete Mbundo) tanto Bundos quanto Ovimbundos – caçadores, fazendeiros e mercadores – teriam vindo da África Central e Centro-Oriental para seus sítios atuais, seguindo uma rotina na vida dos povos de fala banta, toda ela marcada por uma série quase interminável de migrações, as quais, em movimentos sempre para sul e para leste, só se interromperam nos contatos traumáticos com os bôeres, nos séculos XVII e XVIII. E várias hipóteses procuram explicar sua origem e seus repetidos deslocamentos em busca de terras férteis.

Para J. H. Greenberg, os mais remotos ancestrais dos Bantos teriam seu habitat primitivo na região do Lago Chade e do médio Benué, na Nigéria de hoje, exatamente onde teria florescido a legendária Civilização de Nok, que teve seu apogeu de 900 ªC. até o século III da Era Cristã. De lá, teriam ido para a região do monte Camarões onde pela primeira vez se dispersaram – uma parte deles teria atravessado a floresta equatorial e se instalado nas savanas a oeste do lago Tanganica de onde teriam seguido em três direções: Atlântico, África Austral e África Oriental.

Segundo alguns autores, à época de maior esplendor da civilização egípcia, povos Bantos habitavam o Golfo da Guiné, de onde se teriam deslocado, entre os séculos I e V da Era Cristã, para a região dos Grandes Lagos, no Alto Nilo.

Outros estudiosos, ainda acreditam que vem antes de Cristo os ancestrais dos Bantos de hoje viviam entre os rios Ubangui e Chari, território das atuais República do Chade e União Sul-Africana. Dali, conforme esses autores, eles teriam se deslocado para o ocidente, cegando até os territórios de Camarões e Nigéria onde imprimiram um salto na qualidade de vida graças à implantação de técnicas agrícolas e de pastoreio, pois eram ferreiros cultivadores e foram dos primeiros entre os povos negro-africanos a dominar a metalurgia do ferro. Dessa região, entretanto – forçados por grandes ondas populacionais vindas do Norte tocadas pela dessecação cada vez mais rápida do Saara – eles empreenderam nova migração, desta feita em direção ao sul do continente africano.

O mais importante, porém, a considerar nessa série de migrações é que elas são contemporâneas de deslocamentos de outros povos com os quais os Bantos intercambiaram informações e conhecimentos. E o aprendizado da utilização do ferro, que teria sido introduzido na África Central e Meridional por volta do ano 100 ªC é o dado mais relevante em todo esse quadro.

Fonte:Lopes NEI. Bantos, Malês e identidade Negra


(*) Espedito Azevedo é filósofo, especialista em Administração Legislativa e Gerenciamento de Projetos. Iniciado por Jiboin d’Nzambi é hoje Tata Kisaba do Terreiro Tumbalê Junçara, dirigido por Tata Talamonakô.

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