segunda-feira, 25 de maio de 2020

QUEM SÃO, ONDE ESTÃO.





 História e Cultura: Quem são, Onde estão

Tata Kisaba Kavinajé(*)
Na classificação da Grande Enciclopédia Delta Larousse, o grupo que mais de perto interessa a este trabalho é o das línguas bantas ocidentais. E isto por causa da profunda influência que línguas desse grupo, como o Kimbundu e o Kikongo, exerceram na formação do Português que hoje se fala no Brasil.

Os Bacongos, cuja língua geral é o Kikongo em suas várias formas dialetais, habitam o Zaire, o Congo, o enclave de Cabinda e o norte de Angola e talvez tenham chegado a esses locais vindos da foz do Cuango. De lá, teriam tomado vários caminhos, com os Sundi indo até o lago Stanley e os Vili, Cabindas ou Fiotes atravessando a embocadura do rio Congo e se estabelecendo ao longo da costa. A maioria dos Bacongos, entretanto, se instala ao sul do baixo Congo, onde os portugueses vão encontrá-los no final do século XV.

Já os Bundos, cuja língua é o Kimbundu, se distribuem hoje em Angola, ao norte do rio Cuanza; e os Ovimbundos, cuja língua é o Umbundo, habitam ao sul do mesmo rio. Os ovimbundos têm como deus supremo Suku; e os Bundos (não confundir com ambundos, um de seus subgrupos), assim como os Bancongos têm como deus criador Nzambi.

Segundo a African Encyclopaedia (verbete Mbundo) tanto Bundos quanto Ovimbundos – caçadores, fazendeiros e mercadores – teriam vindo da África Central e Centro-Oriental para seus sítios atuais, seguindo uma rotina na vida dos povos de fala banta, toda ela marcada por uma série quase interminável de migrações, as quais, em movimentos sempre para sul e para leste, só se interromperam nos contatos traumáticos com os bôeres, nos séculos XVII e XVIII. E várias hipóteses procuram explicar sua origem e seus repetidos deslocamentos em busca de terras férteis.

Para J. H. Greenberg, os mais remotos ancestrais dos Bantos teriam seu habitat primitivo na região do Lago Chade e do médio Benué, na Nigéria de hoje, exatamente onde teria florescido a legendária Civilização de Nok, que teve seu apogeu de 900 ªC. até o século III da Era Cristã. De lá, teriam ido para a região do monte Camarões onde pela primeira vez se dispersaram – uma parte deles teria atravessado a floresta equatorial e se instalado nas savanas a oeste do lago Tanganica de onde teriam seguido em três direções: Atlântico, África Austral e África Oriental.

Segundo alguns autores, à época de maior esplendor da civilização egípcia, povos Bantos habitavam o Golfo da Guiné, de onde se teriam deslocado, entre os séculos I e V da Era Cristã, para a região dos Grandes Lagos, no Alto Nilo.

Outros estudiosos, ainda acreditam que vem antes de Cristo os ancestrais dos Bantos de hoje viviam entre os rios Ubangui e Chari, território das atuais República do Chade e União Sul-Africana. Dali, conforme esses autores, eles teriam se deslocado para o ocidente, cegando até os territórios de Camarões e Nigéria onde imprimiram um salto na qualidade de vida graças à implantação de técnicas agrícolas e de pastoreio, pois eram ferreiros cultivadores e foram dos primeiros entre os povos negro-africanos a dominar a metalurgia do ferro. Dessa região, entretanto – forçados por grandes ondas populacionais vindas do Norte tocadas pela dessecação cada vez mais rápida do Saara – eles empreenderam nova migração, desta feita em direção ao sul do continente africano.

O mais importante, porém, a considerar nessa série de migrações é que elas são contemporâneas de deslocamentos de outros povos com os quais os Bantos intercambiaram informações e conhecimentos. E o aprendizado da utilização do ferro, que teria sido introduzido na África Central e Meridional por volta do ano 100 ªC é o dado mais relevante em todo esse quadro.

Fonte:Lopes NEI. Bantos, Malês e identidade Negra


(*) Espedito Azevedo é filósofo, especialista em Administração Legislativa e Gerenciamento de Projetos. Iniciado por Jiboin d’Nzambi é hoje Tata Kisaba do Terreiro Tumbalê Junçara, dirigido por Tata Talamonakô.

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História e Cultura: Quem são, Onde estão

Tata Kisaba Kavinajé(*)
Na classificação da Grande Enciclopédia Delta Larousse, o grupo que mais de perto interessa a este trabalho é o das línguas bantas ocidentais. E isto por causa da profunda influência que línguas desse grupo, como o Kimbundu e o Kikongo, exerceram na formação do Português que hoje se fala no Brasil.

Os Bacongos, cuja língua geral é o Kikongo em suas várias formas dialetais, habitam o Zaire, o Congo, o enclave de Cabinda e o norte de Angola e talvez tenham chegado a esses locais vindos da foz do Cuango. De lá, teriam tomado vários caminhos, com os Sundi indo até o lago Stanley e os Vili, Cabindas ou Fiotes atravessando a embocadura do rio Congo e se estabelecendo ao longo da costa. A maioria dos Bacongos, entretanto, se instala ao sul do baixo Congo, onde os portugueses vão encontrá-los no final do século XV.

Já os Bundos, cuja língua é o Kimbundu, se distribuem hoje em Angola, ao norte do rio Cuanza; e os Ovimbundos, cuja língua é o Umbundo, habitam ao sul do mesmo rio. Os ovimbundos têm como deus supremo Suku; e os Bundos (não confundir com ambundos, um de seus subgrupos), assim como os Bancongos têm como deus criador Nzambi.

Segundo a African Encyclopaedia (verbete Mbundo) tanto Bundos quanto Ovimbundos – caçadores, fazendeiros e mercadores – teriam vindo da África Central e Centro-Oriental para seus sítios atuais, seguindo uma rotina na vida dos povos de fala banta, toda ela marcada por uma série quase interminável de migrações, as quais, em movimentos sempre para sul e para leste, só se interromperam nos contatos traumáticos com os bôeres, nos séculos XVII e XVIII. E várias hipóteses procuram explicar sua origem e seus repetidos deslocamentos em busca de terras férteis.

Para J. H. Greenberg, os mais remotos ancestrais dos Bantos teriam seu habitat primitivo na região do Lago Chade e do médio Benué, na Nigéria de hoje, exatamente onde teria florescido a legendária Civilização de Nok, que teve seu apogeu de 900 ªC. até o século III da Era Cristã. De lá, teriam ido para a região do monte Camarões onde pela primeira vez se dispersaram – uma parte deles teria atravessado a floresta equatorial e se instalado nas savanas a oeste do lago Tanganica de onde teriam seguido em três direções: Atlântico, África Austral e África Oriental.

Segundo alguns autores, à época de maior esplendor da civilização egípcia, povos Bantos habitavam o Golfo da Guiné, de onde se teriam deslocado, entre os séculos I e V da Era Cristã, para a região dos Grandes Lagos, no Alto Nilo.

Outros estudiosos, ainda acreditam que vem antes de Cristo os ancestrais dos Bantos de hoje viviam entre os rios Ubangui e Chari, território das atuais República do Chade e União Sul-Africana. Dali, conforme esses autores, eles teriam se deslocado para o ocidente, cegando até os territórios de Camarões e Nigéria onde imprimiram um salto na qualidade de vida graças à implantação de técnicas agrícolas e de pastoreio, pois eram ferreiros cultivadores e foram dos primeiros entre os povos negro-africanos a dominar a metalurgia do ferro. Dessa região, entretanto – forçados por grandes ondas populacionais vindas do Norte tocadas pela dessecação cada vez mais rápida do Saara – eles empreenderam nova migração, desta feita em direção ao sul do continente africano.

O mais importante, porém, a considerar nessa série de migrações é que elas são contemporâneas de deslocamentos de outros povos com os quais os Bantos intercambiaram informações e conhecimentos. E o aprendizado da utilização do ferro, que teria sido introduzido na África Central e Meridional por volta do ano 100 ªC é o dado mais relevante em todo esse quadro.

Fonte:Lopes NEI. Bantos, Malês e identidade Negra


(*) Espedito Azevedo é filósofo, especialista em Administração Legislativa e Gerenciamento de Projetos. Iniciado por Jiboin d’Nzambi é hoje Tata Kisaba do Terreiro Tumbalê Junçara, dirigido por Tata Talamonakô.

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domingo, 24 de maio de 2020

OS POVOS E SEUS DIALETOS

História e Cultura: Os Povos e seus dialetos
Daniel Costa
A grande maioria dos 11.000.000 habitantes que formam a população de Angola, são de origem Bantu. No entanto, outra considerável parte é formada por misturas que começaram muito cedo: primeiramente. Entre os diversos grupos que migraram para o território e depois com Europeus (na grande maioria Portugueses) durante a colonização. Existem ainda algumas minorias que não são Bantu, como os Bochimane e um considerável número de Europeus. Há 3000 ou talvez 4000 anos atrás, os Bantu saíram da selva equatorial (a região que é hoje ocupada pelos Camarões e pela Nigéria) e dividiram-se em dois movimentos diferentes: para o Sul e para Este criando a maior migração jamais vista na África. De causa desconhecida, esta migração continuou até ao século XIX. A selva equatorial era uma área de passagem impossível. Só o machado ou o cutelo, a rápida e nutritiva produção de banana e o inhame possibilitaram uma façanha que durou séculos.
O excelente nível de nutrição deu lugar a uma invulgar explosão demográfica. A exuberância da selva equatorial, os rios e lagos das grandes savanas, tão bons para a agricultura e a descoberta do ferro – um mineral muito comum na África – deram força à grande aventura. Caminhando sempre em direção ao Sul. Estes vigorosos, armados, organizados e jovens povos, venceram e fizeram escravos os indefesos pigmeus e os Bochimane.

O nome Bantu não se refere a uma unidade racial. A sua formação e migração originaram uma enorme variedade de cruzamentos. Existem aproximadamente 500 povos Bantu. Assim, não podemos falar de uma raça Bantu, mas sim de povo Bantu, isto significa uma comunidade cultural com uma civilização comum e linguagens similares. Depois de muitos séculos de movimentações, cruzamentos, guerras e doenças, os grupos Bantu mantiveram as raízes da sua origem comum. A palavra Bantu aplica-se a uma civilização que manteve a sua unidade e foi desenvolvida por pessoas de raça negra. O radical ntu, vulgar para a maioria das línguas Bantu, significa homem, ser humano e ba é o plural. Assim, Bantu significa homens, seres humanos. Os dialectos Bantu, e existem centenas, têm uma tal semelhança que só pode ser justificada por uma origem comum. Os povos Bantu, além do semelhante nível lingüístico, mantiveram uma base de crenças, rituais e costumes muito similares; uma cultura com características idênticas e específicas que os tornam semelhantes e agrupados.

 Fora da sua identidade social, são caracterizadas por uma tecnologia variada, umas esculturas de grande originalidade estilísticas, uma incrível sabedoria empírica e um discurso forte e interessante com sinais de expressão intelectual. As línguas faladas hoje em Angola, são por ordem de antiguidade: Bochiman, Bantu e Português. Das três só o Português tem uma forma escrita. Os dialectos Bantu, apresentam uma unidade genealógica. Homburger, um eminente estudioso do Bantu diz que o primeiro ponto obtido no domínio da lingüística comparada foi a unidade dos povos Bantu. Também diz, tendo em conta a história desta unidade, que os primeiros descobridores Portugueses viram que os Angolanos conseguiam comunicar com os povos da costa Moçambicana. Os Bantu Angolanos estão divididos em 9 grupos etnolinguísticos: kikongo, kimbundu, Luanda-Quioco (Tchôkwe), Mbundo, Ganguela, Nhaneca-Humbe, Ambó, Herero e Xindonga, que por seu turno estão subdivididos em cerca de 100 subgrupos, tradicionalmente chamadas tribos.

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sábado, 23 de maio de 2020

CULTOS E NAÇÕES DA CULTURA BANTU

CULTOS E NAÇÕES DA CULTURA BANTU
História e Cultura: Cultos e Nações da Cultura Bantu
Tata Kisaba Kavinajé(*)
A identidade do negro no Brasil, principalmente o negro Bantu foi selada no Rio de Janeiro em grande número e um pouco em Recife, Espirito Santo e São Paulo. Ao contrário do que muitos pensam o negro Bantu não desembarcou na Bahia, os negros que vieram da África para a Bahia são de origem Nigeriana. Na época da escravidão houve muitas fugas, e os negros fugidos de diversas nações juntavam-se em quilombos e senzalas na Bahia, daí, a confusão de diversas culturas africanas misturando costumes e dialetos.
Muitos navios vindos de Angola, Moçambique, principalmente os navios Boa Viagem e o navio Arsênia, traziam escravos Bantu dos portos de Molembo e Cambinda diretamente para o Rio de Janeiro, que na época era o maior porto do mundo em escambo (captura e venda de escravos). De meados de 1680 a 1830, 576 navios negreiros entraram no porto do Rio de Janeiro, pelas últimas pesquisas de antropólogos chegou-se a conclusão que durante esse período vieram para o Rio de Janeiro aproximadamente 700.000 escravos Bantu.

O negro escravizado, sofrido não tendo como cultuar suas tradições e nem livros para perpetuar seus mistérios e filosofia, que aos poucos foram se perdendo, pois tudo era passado de boca para ouvido, de pai para filho, e perdeu-se muita coisa, toda essa dificuldade que o negro Bantu como nenhum outro passou, permitiu que muitas raízes fossem destruídas e ocasionou interpretações tortuosas do culto, e para dificultar mais ainda os senhores de escravos forçavam a conversão ao catolicismo e muito da tradição foi sincretizada e deturpada. NAÇÕES DA CULTURA BANTU formavam tribos distintas na Cultura Bantu : tribos como, Congo, Angola, Zambia, Zimbabwe, etc.. que estiveram durante muito tempo sob domínio de povos da Europa, essas tribos Bantu de diversas regiões diferentes, tem como exemplo as tribos de Angola, Angolão, Angola Paketá, Angola Moketão, Congo Angola, Congo, Muxicongo, Benguela, Cambinda, Aruanda, Luanda, Makúa, Kassange, Eassange, Munjolo,. Rebolo, Angico e povos menores de diversas tribos da contra costa, formando assim, cultos diferentes que permitem uma prática variada e diversificada entre as nações Bantu.

Além disto, não podemos esquecer que fora a língua mãe que é o Kimbundu, existem ainda cerca de 274 dialetos diferentes. O negro Bantu era o preferido entre os de todas as nações, pois eram excelentes agricultores e já cultivavam na África o café e a cana -de- açúcar, pôr isso, foram trazidos em maior número para o Brasil, embora sendo bom agricultor o negro Bantu teve que ser distribuído pôr vários estados, fazendas, pois este negro estando em grupo se tornava muito difícil sua escravidão, pois era muito arredio, essa divisão pôr diversas regiões dificultou a unidade de seu ritual, que acabou se misturando, tornando sua doutrina mais difícil de ser agrupada e estudada, o que não aconteceu com o negro Ketú, que teve seu axé no estado da Bahia, podendo ter maior acesso e assimilação do seu culto e divulgação de suas tradições.

Mesmo com todas essas dificuldades o negro Bantu influenciou a Cultura Brasileira, deixando herança na mitologia, religião, culinária, dança e ritmos. Colaboraram em grande parte com o ritual folclórico brasileiro, com o Congo de ouro, contada(que lembra a rainha Ginga de Angola), o maculelê, a capoeira, o maracatu, o samba e ainda artes manuais dos hábeis Bantu.

Grande parte da cultura Bantu e de seu acervo foi destruído quando o ministro Rui Barbosa queimou as obras dos arquivos que falavam dos Bantu, obras escritas pêlos Apelegis (Sacerdotes) da cultura Bantu, discriminando a raça que ainda nos dias atuais é criticada pêlos herdeiros de outras nações de candomblé, esquecendo que a cultura Bantu é a portadora dos grandes segredos da força da natureza: é a cultura Bantu a dona dos segredos das Kisabas Zambibi (ervas sagradas).

Fonte: Bantos, Malês e Identidade Negra, Nei Lopes

(*) Espedito Azevedo é filósofo, especialista em Administração Legislativa e Gerenciamento de Projetos. Iniciado por Jiboin d’Nzambi é hoje Tata Kisaba do Terreiro Tumbalê Junçara, dirigido por Tata Talamonakô.

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ANGOLA - PRECURSORA DAS NAÇÕES


História e Cultura: Angola, percursora das nações
Tata Kisaba Kavinajé(*)

Conforme afirma Nei Lopes, em Bantu, Malês e Identidade Negra, a palavra Candomblé é de origem banta, tanto podendo derivar da aglutinação das vozes quimbundas KIANDOMBE (negro) e MBELE (casa) significando, talvez “casa de negros”, como pode ser resultado da fusão desse mesmo MBELE com o prefixo diminutivo KA mais o termo NDUMBE (principiante) para dar KA+NDUMBE+MBELE ou seja, “casa de principiantes, neófitos” ou, melhor “casa de iniciação”.
Esta é uma concepção brasileira e objetiva demonstrar, ainda que hipoteticamente, a anterioridade dos cultos bantu-brasileiros sobre o culto jêje-nagô dos orixás no Brasil, mesmo porque, historicamente, o primeiro templo conhecido dessa modalidade – a legendária Casa Branca do Engenho Velho ou Ilê Iya Nassô, em Salvador-BA – teria sido fundado apenas por volta de 1830.

E podemos sustentar o argumento -por que não? – de que, ao invés de terem emprestado sua teogonia e seus rituais aos Bantu, a tradição dos orixás jêje-nagôs, sim, é que, influenciada por estes, teria visto surgir de seu seio os chamados “candomblés de Angola” e “de Congo” com seus minkisi (do kikongo nkisi), tata (pai), kambondo, munzenzas, sambas, etc.

Não desejo aprofundar-me, mas, parece-nos claro que as INFLUÊNCIAS são marcas registradas e indiscutíveis quando o assunto em pauta é o Candomblé. E veja, estas remontam a períodos bem antigos da nossa história.

(*) Espedito Azevedo é filósofo, especialista em Administração Legislativa e Gerenciamento de Projetos. Iniciado por Jiboin d’Nzambi é hoje Tata Kisaba do Terreiro Tumbalê Junçara, dirigido por Tata Talamonakô.






sexta-feira, 22 de maio de 2020

FEITICISMO - ANGOLA


História e Cultura: Feiticismo
Mam’etu Nibojí (*)
 

Os Portugueses, desde os primeiros contatos com os povos negro-africanos, pensaram que estes adoravam feitiços e ídolos. Filipo Pigafetta e Duarte Lopes, na sua “Descrição do Reino do Congo”, publicada em 1591, afirmavam: “E vimos inúmeros objetos, pois cada qual adorava o que mais gostava, sem regra nem medida, nem razão de qualquer espécie…
Escolhiam como deuses cobras, animais, pássaros, plantas, árvores, diversas figuras de madeira e pedra, e imagens que representavam estes seres já enumerados, pintadas ou esculpidas em madeira, pedra ou outro material… Os ritos eram variados, mas todos cheios de humildade, como, por exemplo, ajoelhar-se, prostrar-se de rosto em terra, cobrir a face com pó suplicando ao ídolo e fazendo-lhe oferenda dos bens mais estimados. Também tinham bruxos que os enganavam fazendo crer a esses ignorantes que os ídolos falavam”.

Se se deve reconhecer que estes europeus nada entenderam da mentalidade religiosa negra e fizeram juízos precipitados e apriorísticos, tão pouco podemos aceitar estas palavras de Max-Müller que também enfermam de preconceitos: “Porque é que os portugueses cristãos à maneira quase pagã dos católicos do século passado reconheceram nos negros da Costa de Ouro a presença de feitiços?… É que eles próprios estavam familiarizados com o feitiço, com o amuleto e o talismã. É provável que todos levassem consigo rosários, cruzes e imagens benzidos pelos seus sacerdotes…

E assim, quando viam um indígena apertando em seus braços alguma grosseira obra de arte, guardando com zeloso cuidado uma pedra brilhante, ou talvez se prostrando em oração diante de ossadas religiosamente conservadas na sua cabana, que mais natural que supor haver ali relíquias sagradas, algo semelhante aos seus próprios feitiços? Não descobrindo outros vestígios de um culto religioso, era muito natural que concluíssem que esses testemunhos exteriores de marcado respeito aos feitiços constituíam toda a religião do Negro”.

Vem-se chamando feiticismo ao conjunto de crenças, cultos e ritos dos negros de África que tem por objetivo a adoração de objetos, materiais, os feitiços ou “gris-gris”.

A palavra Feiticismo apareceu pela primeira vez, como termo científico e descritivo, em 1760 e num livro intitulado “Do culto aos deuses, feitiços ou paralelo da antiga religião do Egito com a religião atual da Nigrícia”. É seu autor Charles De Brosses.

Em sua opinião, a teologia pagã ocupava-se do culto aos astros, um sabeísmo, ou “do culto não menos antigo de certos objetos terrestres e materiais chamados feitiços, entre os negros africanos, entre os quais subsiste este culto e que, por tal razão, eu chamaria feiticismo…

Em seu significado próprio refere-se em particular aos negros de África”…

Compte, ao aceitar a existência do Feiticismo, reforçou a crença de que os negros eram feiticistas. O Feiticismo traz consigo um significado pejorativo com conotações de baixa moralidade e índice mental inferior, além de se apresentar confuso em sua definição e conteúdo.

Feiticismo deriva do vocábulo português “feitiço”, que por sua vez vem das palavras latinas “fatum, fari”, ou de “factitius”, isto é, objetos “feitos à mão”, “coisas feitas, artificiais”, com significado e encanto mágicos e que, além disso, são objetos de culto.

Durante muito tempo, antropólogos e etnólogos creram “que a forma mais baixa de religião é o feiticismo, e que, descendo mais, já não há nada que se possa designar com tal nome, e que, por conseguinte, pode-se considerar o feiticismo como o princípio mesmo da religião”.

C. Meiners, na “História crítica das religiões”, 1860, não tinha dúvidas em afirmar: “É inegável que o feiticismo não é apenas o culto mais antigo, mas também o mais universal”.

Hoje já não se pode defender que o feiticismo tenha sido a forma primitiva de religião. Ele aparece como um desenvolvimento secundário, precedido em toda a parte e acompanhado de crenças religiosas muito elevadas e desenvolvidas. “Mais que isso, todos os indícios tendem a provar precisamente o contrário: que o feiticismo não foi nunca mais que um desenvolvimento parasitário que tem antecedentes que o explicam, e que nunca foi o primeiro culto do coração humano”.

“Se não está provado, e talvez convenha dizer que é impossível provar, que nunca, nem em África nem em nenhuma outra parte, o feiticismo tenha sido a primeira forma de religião, tão pouco se provou que, quer em África, quer em qualquer outra parte, tenha alguma vez constituído toda a religião de um povo”.

Além disso, se por Feiticismo se quer significar adoração de feitiços, afirmar-se-ia uma falsidade. O banto crê nos habitantes do mundo invisível e na sua influência, mas nunca adora nada fora de um Deus único. Não é idólatra. O etnólogo haitiano Emmanuel C. Paul observa que De Brosses “como bom cristão, viu deuses em toda a parte entre os “selvagens”, e pensou que a revelação estava reservada a um pequeno número de pessoas “civilizadas”. Desta forma, contribuiu para dar ao século XIX a visão que ele tirou das religiões negras, isto é, a de um politeísmo grosseiro baseado na magia e na bruxaria”.

Só se pode falar de Feiticismo banto, se por isso se entende o uso e imploração a feitiços. Os feitiços, são objetos fabricados pelo homem, habitados por uma força vital manipulável para atacar ou defender-se, proteger ou propiciar, que os, converte em objetos mágico-eficazes, sacralizados e dinâmicos. Por isso, denominar por Feiticismo o conjunto de crenças banto equivale a definir o todo por uma das partes, e não a mais importante. É verdade que possuem feitiços, mas só como um meio de praticar a magia, que por sua vez é uma conseqüência da sua ontologia-dogma. A designação de Feiticismo não tem qualquer significado para os banto, além de ser desproporcionada. Designa apenas, e sem exatidão, um aspecto parcial da sua Religião. “É necessário prescrever para sempre este termo, que não quer dizer nada”.

Fonte: ALTUNA Raul,Cultura Tradicional Banto

(*) Elizabeth B.Azevedo é graduada em Ciências Econômicas e pós-graduada em Matemática Financeira. Iniciada no candomblé em 1986, filha de Danguesu, neta de Saralandu, bisneta de Kianvulu e atualmente filha do Tumbalê Junçara-BA.

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ESPÍRITOS E SERES ESPIRITUAIS


História e Cultura: Espíritos e Seres Espirituais
Mam’etu Nibojí (*)
 

O banto pensa que Deus criou seres espirituais sem relação alguma com formas humanas corporais. Conhece numerosos espíritos de origem extra-humana.
Lançou-se a hipótese de que a crença mágica e a excitação dos caçadores sugeriram a existência doutros seres supra terrenos. Mas não se sabe donde surgiu esta crença.

Julgamos que pode ter a sua origem nas constantes incógnitas apresentadas ao banto pelo contato com a natureza e a impossibilidade de explicar certos fenômenos naturais. Mais uma vez recorremos à causalidade mística. Muitos fenômenos naturais e sucessos exigem uma causa que bem pode ser um espírito.

Um tema muito repetido na tradição oral negro-africana também podia ter dado origem a esta crença. Os povos caçadores-recoletores acreditavam na existência do “senhor dos animais”, que personificava a beleza animal.

Era um espírito com personalidade própria, com forma de animal ou de monstro gigante que vomitava fogo e estava coroado de várias cabeças. Em geral, pretendia prejudicar os caçadores. Ia e vinha com o vento, nos torvelinhos e, com freqüência, desorientava na selva e na savana os caçadores e viajantes, que se perdiam. Podia raptar crianças. Imaginavam-no rico e poderoso, conhecedor dos segredos da natureza, caprichoso e perigoso. Mas proporcionava peças de caça ao caçador que lhe oferecia presentes e lhe descobria até certos segredos. Amiudadas vezes imaginavam muitos “senhores dos animais”, um por cada espécie.

Nenhum aspecto da Religião Tradicional resulta mais difícil de perceber que a natureza, qualidades e funções dos Espíritos, e, sobretudo, onde começa e termina o seu poder e a sua influência.

Devem ser considerados como seres criados, inferiores a Deus, intermediários, imersos no dinamismo vital e atuante pela interação, mesmo que os não considerem “familiares”.

Independentes e misteriosos dentro do mundo invisível, não se comunicam com os antepassados, e já nem a sua origem ou natureza os relacionam.

Como intermediários, estão próximos de Deus, podem contactar com Ele, apresentar-lhe as oferendas e orações dos homens e trazer a Sua resposta. Muitos grupos consideram-nos como servidores de Deus, o Qual por eles se aproxima do mundo.

Quase nada explicam da sua natureza. Só que Deus os criou assim. São inteligentes, espirituais, livres, benfeitores ou malfeitores. Por isso consideram alguns como protetores e guardiões de indivíduos, grupos e lugares. Até podem habitar em objetos, lugares e pessoas temporária ou permanentemente. Nestes casos recebem um nome próprio que reflete as suas funções, índole, poderes, exigências e ações, ou que é tomado do lugar onde os localizam.

Podem levar vida solitária, mas é mais comum imaginá-los vivendo em grupos. Coletivizados assim, nomeiam-se com um vocábulo genérico e pensam que atuam em conjunto.

Como são invisíveis e detectam a sua presença ativa nos fenômenos invulgares naturais e nos acontecimentos estranhos, só o especialista da magia os descobre, e descreve a sua índole e desejos. “Contribuem para a ordem do mundo e constituem uma verdadeira “chefia celeste” sob a autoridade do grande Deus”. Por isso devem lembrá-los e torná-los propícios.

O culto banto reserva-lhes ritos especiais.

Noutras áreas culturais não-banto veneram certas “divindades secundárias” conhecidas com nomes genéricos; os”Vodun”,milhares de “Orisa” dos “Yoruba, os “Abosom” dos Ashanti,”Pan-gol” dos Serer, “Trowo” dos Ewe, “Aziza” dos Fon e Mina ou os “Ziri” dos Songhai.

Fonte: ALTUNA Raul,Cultura Tradicional Banto

(*) Elizabeth B.Azevedo é graduada em Ciências Econômicas e pós-graduada em Matemática Financeira. Iniciada no candomblé em 1986, filha de Danguesu, neta de Saralandu, bisneta de Kianvulu e atualmente filha do Tumbalê Junçara-BA.

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quinta-feira, 21 de maio de 2020

A CHEFIA BANTU


História e Cultura: A Chefia Bantu
Mam’etu Nibojí (*) 
Há um aspecto cultural muito relevante relativo aos Chefes banto. Esta hierarquia exata baseia-se no direito ancestral e numa concepção religiosa e profana simultaneamente. Participa da sacralidade que impregna esta sociedade.

O Chefe desempenha uma função fundamental no grupo. Como pessoa mais qualificada e vitalmente mais poderosa, é o guia necessário da comunidade e o guarda das suas tradições e da sua coesão. As estruturas sócio-político-religiosas devem ser analisadas a partir de um fundamento carismático com apoio gerontocrático. A sociedade banto desconhece os limites entre estes três campos. Não aparecem interferências descontroladas. As motivações religiosas, como veremos, marcam o ritmo e caracterizam a sua mentalidade. Segundo esta concepção sacral, o Chefe é um carismático. Constitui, com os notáveis e anciãos, o grupo mais autorizado, o estrato social mais prestigioso e como instituição presidida por um “enviado carismático”, dirige, pensa, solidariza, vigia e procura o bem da comunidade.

O Chefe atingiu o maior escalão vital de que um mortal é capaz. A sua proximidade-união com a vida, que, de Deus, passa pelos antepassados desde o eponimo (transformar em deuses os personagens reais ou lendários), realiza essa plenitude. O eponimo prolonga-se no Chefe, que continua a vida de todos os antepassados do grupo, a personifica e a torna visível. Quem vê o Chefe contata com a vida que arrancou do eponimo, e contempla este e os outros antepassados. É o canal de conexão direta com a corrente vital ancestral. Por ele a comunidade realiza a participação vital na fonte genuína. “Entre o Chefe e o organismo social que está abaixo dele existe um laço místico”.

Por isso a chefia pertence à linhagem que a comunidade reconhece com autenticidade de sangue e maior antiguidade. Só pode ser Chefe quem prove por sua ascendência que descende em linha direta, do fundador do grupo. Só ele reúne as condições inatas que confirmam a sua predestinação para patriarca, sacerdote, juiz, protetor e condutor da comunidade.

O Chefe, prolongação dos antepassados, é o seu mandatário, o seu representante oficial e a sua viva voz. Sintetiza e reúne todo o grupo. Ocupa o vértice da pirâmide do mundo visível, porque é o sangue, e, até certo ponto, o espírito dos Chefes anteriores, e atua sob a sua influência. Torna-se assim passado e presente. Participará, de algum modo, da vida do mundo invisível.

Os antepassados exigem uma linha sucessória direta, pede-a a sabedoria dos anciãos e é indispensável para o equilíbrio social, garantido pela observância escrupulosa da tradição. Só assim o grupo sobreviverá com prosperidade.

O Chefe torna-se assim o mais fiel depositário do repertório sagrado de ritos e costumes, herança sábia e inviolável que roda pêlos séculos.

O direito banto está ligado a dois expoentes básicos: a terra e o sangue. Na primeira descansam os antepassados, fonte de vida, sabedoria e exemplo de virtudes; sacralizada por esta presença, entrega com generosidade os alimentos. O sangue representa algo de mais profundo e transcendente, por ser a expressão e o vínculo da vida, princípio imanente, a própria razão de ser do grupo, que se desenvolve, cresce e frutifica através das apertadas regras da consangüinidade e do parentesco. A conservação desta linha sucessória, sacralizada, assegura precisamente a continuidade indestrutível de atitudes, crenças, gestos e comportamentos.

Em resumo, o Chefe é o sangue e o espírito dos antepassados, prolongamento e depósito comunicante do dinamismo vital, pessoa sagrada, responsável pela comunidade perante os antepassados, seu delegado por capacidade e eleição e sua encarnação, pois que, por intermédio dele, vivificam a comunidade. Por isso nele pode habitar algum antepassado, e muitos conservam a caveira do seu antecessor e as dos Chefes proeminentes, para que, magicamente, lhes conservem a vitalidade, pois que a cabeça é a parte mais sagrada do Chefe.

Fonte: ALTUNA Raul, Cultura Tradicional Banto

(*) Elizabeth B.Azevedo é graduada em Ciências Econômicas e pós-graduada em Matemática Financeira. Iniciada no candomblé em 1986, filha de Danguesu, neta de Saralandu, bisneta de Kianvulu e atualmente filha do Tumbalê Junçara-BA.


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OS BAKONGOS EM ANGOLA


História e Cultura: Os Bakongos em Angola

Tata Obalumbi(*)


Os Bakongo ocupam o Noroeste do País, entre o mar e o rio Kuango, nomeadamente as Províncias de Cabinda, Zaire e Uige. Porém, convém realçar que a área Bakongo se estende para além das fronteiras geográfico administrativas do País. Foi no território Bakongo que, no Século XV, os Portugueses encontraram o reino do Kongo, com a capital em “S. Salvador” (Mbanza Kongo).
Os Bakongo são tradicionalmente agricultores. Porém entre eles, alguns mostram-se com grande apetência para o negócio (comércio), outros para a confecção de mabelas (tecido de ráfia) em tear e outros ainda foram exímios mestres na manufactura de tecidos acetinados e aveludados, ornados e policrómicos. A arte Kongo expressa-se de uma forma realista e de geometrização. A sua escultura é muito marcada por figuras femininas, robustas e sensualizadas.
Os Bakongo são propensos a um misticismo particular, à criação de instituições de caráter religioso e secreto, tendência que se expandiu até aos nossos dias em associações do tipo profético – messiânico. Grande parte desse repositório material, ligado aos nossos antepassados, encontra-se nos museus nomeadamente no Museu de Antropologia (Luanda), do Dundo (Lunda-Norte) e de Cabinda. Infelizmente o Museu do Kongo (Uíge) foi destruído pela guerra que assolou o País, e as peças aí existentes foram destruídas ou roubadas. Vamos iniciar uma passagem pelo vasto património Bakongo, iniciando pelo Museu de Cabinda, criado em 18 de Maio de 1986.


(*) Eme Ngi Mona Ia Tat`etu Talissá, Mulaula Ua Diala Tat`etu Sambueji, Mululu Ua Tat`etu Amorodé, Tata Ria Uami Kukululu Tat`etu Kaxaman, Mbe Uiza Ukundu Mona Ia Mulunderi ni Mulaula Ua Nlundi Ia Mungongo Kainateki Tumba Junsara.

( Sou filho de Tatetu Talissá, neto de Tatetu Sambueji, Bisneto de tatetu Amorodé, tataraneto de tatetu Kaxaman, que vem a ser filho de Mulunderi e neto de Ciriaco fundador de Tumba Junsara). Meu Nkisi/Mukixi é Nzazi, sou Kambondo de Lemba do Inzo Ia Nganga Lemba. Sou da Mbutu (nação) Ngola Ndanji (raíz) Tumba Junsara. Minha dijina é Tata Obalumbi.


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KATULEMBÊ - ANGOLA


História e Cultura: Angola – nasce uma nação, sua origem e identidade
Katulembê
O surgimento do primeiro nativismo angolano


As primeiras idéias, a primeira consciência de rebeldia de nativismo aparece de certa maneira captada por estes contatos por estas inteligências em contato com o Brasil, quando se fala em nativismo esta palavra não aparece na Europa , aparece exatamente influenciada por uma corrente nativista brasileira.
 

Este conceito aparece em função primeiro no Brasil, e aparece no século XIX sobretudo a partir da Segunda metade surge um nativismo atuante mesmo quer dizer os primeiros jornais, os primeiros intelectuais, os primeiros africanos que criam jornais e ao mesmo tempo que escrevem como Cordeiro da Mata que escrevem, que criam gramáticas, criam dicionários de línguas nacionais sobretudo o kimbundu porque evidentemente era a área cultural o kimbundu em Luanda e que começam a pensar e a reivindicar, estes jornais são no primeiro momento jornais reivindicativos, a consciência tinha um certo limite, porque eles de certa maneira encontravam como obstáculo ainda o não conhecimento de uma Angola como um todo, era local e a reivindicação era local, a reivindicação da exploração, do racismo, das prioridades que davam aos colonos e não aos africanos, aos naturais, aos filhos da terras, começa-se haver a primeira autodenominação de naturais, de filhos da terra e depois de angolense – o primeiro jornal, (o jornal que existe hoje de imprensa alternativa Angolense é uma copia do titulo evidentemente do jornal do final do século XIX, começo deste século ” O Angolense” , a historia não se repete não tem nada haver uma coisa com a outra mas o Américo Gonçalves tem todo mérito de não fazer esquecer este jornalismo nativista , o primeiro que houve ao dar novamente o nome de Angolense um jornal atual ).
Então existe esta primeira consciência que não é uma consciência nacional ainda, mas é uma consciência nativa reivindicativa em relação aquilo que estava a suceder, neste final de século e começo deste século havia por acaso toda uma consciência, ainda é final de monarquia na Europa, em Portugal a potência colonizadora de um espírito de certa maneira liberal que permitia a legalização destes pequenos jornais existentes e a imprensa nativista em Angola foi representativa e ela deve ser recuperada historicamente para mostrar como ela foi atuante, eram pequenos jornais que as vezes tinha duração de meia dúzia de números e caiam por ai adiante, o Eco de Angola, O Negro e outros é interessante dizer que estes jornais não existiam só em Angola, em Moçambique, etc., mas também em Lisboa devido ao contingente de emigração muitas vezes nesta época a Lisboa no final do século passado, então também houveram jornais nativistas em Portugal ai não particularmente de Angola, Moçambique mas ao contrário mas reunindo as diversas colônias, eram jornais digamos de um movimento anti-colonial ou pelo menos reivindicativo ao nível das coloniais, estas união de Palops tem uma origem lá no século passado.
A primeira reivindicação que se opunha ao colonizador era questão racial, mas depois coloca-se a questão de princípios influenciadas esta imprensa que vemos recorrendo a leitura são reivindicativas de um espírito de um socialismo utópico do final do século passado, universalistas e as vezes chegam a dizer que não ” nós não queremos deixar de ser portugueses” chega-se a afirmar isto para se mostrar o espírito meramente reivindicativo mas não podemos admitir é que agente seja explorada, que seja discriminada racialmente, que seja explorados economicamente porque esta é a nossa terra ao mesmo tempo se reconhece os valores agora que tinham sido negados e continuaram a ser negados, os valores da terra, do ponto de vista lingüístico então é muito interessante porque estes jornais muitas vezes são bilíngüe tinham artigos em português todo rebuscado e depois o artigo em kimbundu.
Depois com a queda da monarquia e o começo da república ainda impera esta possibilidade de um espírito liberal durante algum tempo, mas logo com as mudanças que conduzem ao autoritarismo em Portugal começa a ser fechado nas décadas de 30/40 e começa a haver uma impossibilidade destas reivindicações e ao mesmo tempo também vai eclodir a 2º guerra mundial e ninguém esta separado e ninguém vive isolado dos acontecimentos, a segunda guerra mundial foi o momento de tomada de consciência de dizer porque que os europeus lutam, porque que nós somos colonizados, o que é ser nação, o que a nacionalidade e este questionamento ao mesmo tempo ligado a um autoritarismo cada vez maior e crescente nas coloniais e em Angola.
São os primeiros estudantes que vão fazer cursos em Portugal na década de 40 final da Segunda guerra mundial é o movimento que se espalha por toda África, os movimentos pan-africanistas, os movimentos culturais pois a primeira reivindicação é cultural , é o andamento para as questões políticas, aquela que vai construir esta consciência de pertencimento e de diferença em relação ao outro, em Angola podia se saber todos os nomes dos rios de Portugal, todas as linhas férreas que eram obrigadas a estudar em geografia e ninguém conhecia o monte mais alto de Angola ou do rio mais extenso.

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sábado, 16 de maio de 2020

GRUPO NHANEKA


História e Cultura: Grupo Nhaneka – Humbe
Tata ria Nkisi Otuajô(*)
Tanto entre os povos Nhaneka, quanto entre os Humbe, é levado a efeito sazonalmente a “Festa do Boi Sagrado”. É um ritual de premonição, em relação aos resultados da colheita vindoura.
Um boi, malhado de preto e branco, é entregue pelo Soba aos cuidados de um Mene-Humbe — grande pastor — para que dele cuide até à época do ritual. Na época própria, o Mene-Humbe, seguido por um cortejo de que fazem parte praticamente todos os habitantes da sanzala onde mora o Soba, dirige-se com o boi à casa deste chefe, que dá ao boi, na palma da mão, um pó branco preparado com cascas de árvore — Omu-Abugulu.Caso o boi não lamba o pó da mão do Soba, o presságio é negativo, o pastor responsabilizado e, dependendo do humor do Soba, pode até ser executado. No caso de lamber o pó, o presságio é positivo, anuncia boas colheitas, o que é amplamente aplaudido pela população de seguidores.
Aí acontece uma festa apoteótica, em que a ordem de alegria geral é de tal maneira rigorosa que, enquanto a festa dure, estão vetados os cultos tristes. A festa termina com o início do cortejo “ONDYELY”, em que o boi percorre todas as terras do Sobado, para que agora, já considerado sagrado, possa ser saudado por todos.

Outro costume curioso entre os Humbes, é quando uma moça pré-púbere engravida. Os contatos sexuais, como na maioria dos povos em Angola, são encarados de forma natural, e jamais coibidos. Qualquer garota, de qualquer idade, pode dormir com rapazes; o que não pode é engravidar.

Na tentativa de evitar que isso aconteça, as mães instruem as filhas a amarrar bem o pano da tanga entre as pernas, ou a praticar o coito interrompido; desvelos maternos bem intencionados, mas pouco práticos e nem sempre eficazes.

Quando acontece a gravidez indesejada a uma moça que ainda não tenha passado pelo ritual da puberdade, torna-se necessário que o feiticeiro a leve até à margem do Rio Kunene para um banho purificador, já que ela está conspurcada. Na margem do rio, a moça sobe num galho de árvore que esteja bem sobre a correnteza, e que é cortado pelo feiticeiro, precipitando a moça no caudal violento; normalmente os jacarés do Kunene são mais rápidos para chegar à moça, do que ela nadar até à margem.

Uma das medidas práticas para evitar a gravidez das moças antes do ritual da puberdade é faze-las passar pelo ritual antes da puberdade fisiológica; o que por sua vez origina verem-se garotas com responsabilidades matrimoniais, em idade em que nas outras tribos apenas se ocupam com cantorias e brincadeiras infantis.

Entretanto, após a puberdade ritual, os nascimentos são amplamente festejados, a menos que sejam gêmeos. O nascimento de gêmeos entre os Humbes, é sempre sinal de mau presságio, que só pode ser combatido por meio de uma série de rituais de contra efeito.

Mal nascem os gêmeos, é chamado um Kimbanda para fazer a OKUTUNTHA, que consiste na lavagem da testa, nuca, cotovelos, joelhos e planta dos pés de toda a família.

Em seguida constrói-se fora da sanzala uma cubata para onde mãe e filhos são levados, e onde ficarão de quarentena por um largo período, determinado pelo feiticeiro; durante esse tempo, a mãe tem o encargo de, além de cuidar dos filhos, tecer dois pequenos cestos, que mais tarde lhes servirão de pratos.

No dia em que o feiticeiro der por findo o prazo de isolamento, vai logo de manhã avisar a mãe, e quando o sol estiver na vertical, o feiticeiro leva toda a família, pai, mãe e outros filhos além dos gêmeos, para uma clareira no meio do mato, onde o pai haja erguido um estrado.

Lá chegados, o pai, a mãe e os gêmeos, sentam-se nus no estrado, para que possam ser lavados com um preparado especial. A lavagem segue uma determinada ordem: Primeiro a mãe, depois o gêmeo que primeiro tenha nascido, depois o pai, e por último o gêmeo que nasceu em segundo lugar.Só depois deste ritual é que as placentas podem ser enterradas, e a viad tomar um curso normal para a família.

É de notar que, apesar de toda a necessidade de purificação que causa o nascimento de gêmeos, se forem trigêmeos não acontece nada, absolutamente nada, procede-se como se houvesse nascido um só bêbê.


(*) Julio Guimarães é graduado em Administração de Empresa e pós-graduado em Gestão de Recursos Humanos. Foi iniciado no candomblé em 04-02-1984 e hoje pertence a Ndanji ua Tombeici. Atualmente dirige sua própria Inzo – ABASSA KUA BUALA NGANA ROXE MUKUMBE XIBULU UA NZAMBI – RJ

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ORÁCULOS BANTU - ADIVINHAÇÃO


Oráculos Bantú
Sistemas de adivinhação
Existem vários métodos de adivinhação, seja com dezesseis pedras retiradas do estômago de um crocodilo, utilizada em grande parte por tribos no interior da colônia de Serra Leoa, ou com dezesseis pedras comuns, feijão, nozes de palmeira, ou cawris. Isso explica a dezesseis sementes de palmeira correspondentes às doze casas do céu.
Nenhum dos sistemas adivinhatórios de origem Banto chegaram ao Brasil e os sacerdotes adquiriram da cultura yorubana o jogo de búzios.
Para se realizar tais práticas o sacerdote deve ser iniciado dentro dos ritos e ainda assim nascer para tal ato. Não cabendo assim de forma alguma ‘novos’ praticantes oriundos apenas pela leitura da forma de adivinhação descrita neste livro.
Ainda sim, existe a forma de jogo com os chifres e as mãos do consulente como respostas. Prática pela qual somente é feito após ter sido orientado pelo iniciador não sendo descrito adiante.
As práticas divinatórias acham-se extremamente espalhadas entre os Tongas. Envolvidos por tantas influências malfazejas, possuindo poucos ou nenhuns conhecimentos científicos e não tendo a noção de uma teologia, eles tentam obter respostas pelos diversos métodos que inventaram, e temos de admitir que chegaram, neste domínio, a um alto grau de habilidade. O seu intenso desejo de conhecer o que o futuro reserva está na base dos presságios e das práticas divinatórias.
Os Kamuku e os Gbari ou Gwari são povos vizinhos na província de Níger, ao norte da Nigéria. Entre os Kamuku, “para predizer o futuro”, metades de nozes de palmeira são agitadas dentro duma carapaça de tartaruga e depois apanhadas dentro da mão direita ou esquerda. elas são então contadas e, conforme fiquem na mão em número par ou ímpar, um sinal é feito no chão. Este procedimento é repetido oito vezes e se chega a uma significação de acordo com a combinação. Divinação com  metades de nozes de palmeira e um casco de tartaruga é comum entre muitas tribos, notadamente os Gwari.
Os povos do Caribe (particularmente os cubanos), pela impossibilidade de obterem o kesu, passaram a utilizar o coco em sua substituição, inclusive num tipo de jogo denominado "Oráculo de Biaguê", onde quatro pedaços de coco são usados em substituição aos quatro segmentos do kesu.
O casco da tartaruga são untados com uma base oleaginosa extraída da da semente de ricinus comunis, mel puro, raízes, além de elementos ritualísticos ao qual ninguém que não seja o adivinho poderá tocar.
Porção de coração de leão, pois este animal simboliza poder e dignidade.
Partes de patas, coração e a cabeça do urubu ou corvo. Pelo fato que a ave simboliza a visão superior do adivinho. É indispensável para a predição do futuro as partes deste animal.
O médium ou vidente com a intensão de aumentar sua facultade advinhatória consome o fruto tamarindo.
NGOMBO (Tupele twa mu Ngombo, Kioko) —  É uma pequena kinda (Kasanda) com objetos, dos mais variados e excêntricos, que a mente africana é fértil em conceber e destinada ao jogo de adivinhação.  Quando um dos convivas herdava um ngombo de um parente seu morto, mandavam o morto tomar conta do vivo e que, para já, faça-se a hamba ngombo, ou seja, espetavam no chão dois paus de mtilemba, em frente à porta da casa do vivo, degolava-se um galo e uma galinha e punham as cabeças em cada uma das extremidades dos paus. Desta maneira, acabavam-se os seus sofrimentos (BRASIO, s/a).
Outro nomes dados aos Ngombo e suas variações: Sisuka, Tupele, Ngombo, tizuka, sisalo, katwá, Lusangu, muiná, mbingá, maliya, kakuka, etc...
Ngombo é o cesto, certamente TUPELE é para Tchokwe (Kioko) o cesto advinhatório, sendo seu singular 'kapele' denominando cada ítem dentro do cesto.
Alguns livros relatam o 'cesto' Ngombo como simbolismo para todo um jogo onde compõem alguns elementos como: pedras, conchas e partes de animais. Incluem restos vegetais, cerâmicas, moedas, artefatos e estatuetas. Tal divinação cesta é chamado ngombo ya ya kusekula ou xisuka.
Para a iniciação a pessoa deve ser iniciado por um Nakabuna (sacerdote especialista em adivinhação) e só ele inicia um "Tahi" (adivinho de menor escala).
Os elementos que compõem essa forma oracular segundo pesquisas são: Chifre de antílope pequeno, pata dianteira de macaco, pangolim (semelhante ao tatu), pata de tamanduá, espinho de porco-espinho, dente de animal de caça envolvido num pano vermelho, unha ou garra de águia real, pata de kambangu, pena vermelha de um pássaro chamado Nduua, casco da tartaruga, pata de lagarto, cascas, lâminas, estátuas pequenas, quartzos, cabeça de camaleão, raízes, espelhos, pedras, cawris, cabeça de serpente, pemba, espiral de raízes, grãos, carcaça de animal marinho e garras e vários ossos de outros animais.
A cesta é confeccionada com uma raiz chamada ‘Kenge’.
Em Duala, a língua Bantu ao sul dos Camarões chamam-no "Ngambi" de "Ngan" o forte e "Nganja" sábio em ciencia oculta.
Dentre os métodos de adivinhação o Nganga (o feiticeiro) observa no sacrifício animal as moelas, fígado, intestino, veias, fibras, etc...
Os adivinhos, feiticeiros e curandeiros são conhecidos como: Nganga, Mubiki, Mumone, Musambo, Sudika Mambi, Kuma, Kisumba, Musakeri, Musakidi, Muxingidi, Mungombo uilenji, Mukunji, Mudiakimi, Mangaka, Mali-ala, Mandemtae, Mlauango-Songo, Mukuá-dibata, Munguolongesa, Isangoma (Zulu), Unguosakula,Umthakathi (bruxa zulu), Kimbanda, kambuna, Muzambudi e Muloji (feiticeiro destinado as práticas maléficas).
Vititi Mpaka Menso:
Se fixa a vista em um espelho ritualmente preparado num chifre de boi que em seu interior se introduz substâncias naturais para se conferir um caráter mágico. Resulta em uma adivinhação certeira quando bem ritualizado. Alguns materiais utilizados para o ritual: Coruja, papagaio, pica pau, chinchila, pitirre (pássaro que anuncia as coisas), cabeça de galo preto, uma moeda de prata, todo tipo de metal em pó, terras de vários locais, todo o tipo de pimenta, azougue, língua de galo, osso, folhas de tabaco, cinzas de tabaco, carvão natural, cabeça de cobra, dentes de javali, dentes de todo tipo de felino, cera virgem, ervas enteogêneas ou da divindade que regerá. Funcionará como os olhos da divindade, a essência. Quando é regido por Katendê se introduz olhos esquerdos de diversos animais. O chifre pode ser adornado com cawris. Os animais sacrificados ficam emcima do chifre e são posteriormente transformados em pó depois de secos. O uso de uma vela branca a frente do espelho é necessário na hora de sua
utilização. Podendo exercer os atributos da divindade regente emcima da cabeça do consulente para algum fim.
Fonte livro: Luvembo, raízes perdidas do fundamento Bantu.
(Registrado na Biblioteca Nacional do RJ)
No Brasil, não houve descendentes de qualquer tribo bantu que tivesse repassado o segredo de uma das várias formas oraculares. Então o Candomblé de Angola/Brasileiro assimilou ao seu culto o jogo de búzios yorubano.
Ngombo (Tupele twa mu Ngombo, Kioko)
É uma pequena kinda (Kasanda) com objetos, dos mais variados e excêntricos, que a mente africana é fértil em conceber e destinada ao jogo de adivinhação. Lançando um conjunto especial de ossos simbólico ou um conjunto de artigos selecionados simbólicas como, por exemplo, usando o osso da asa de um pássaro para simbolizar a viagem, uma pedra redonda para simbolizar um útero grávido, e um pé de aves para simbolizar o sentimento.
Outro nomes dados aos Ngombo e suas variações: Sisuka, Tupele, Ngombo, tizuka, sisalo, katwá, Lusangu, muiná, mbingá, maliya, kakuka, etc...
Outro oráculo da tribo congolesa Songye é o katatora ou ketola. Onde uma imagem semelhante ao Deus Janus é consultado através de um atrito.
Do verbo kutotola, significa bater em alguma coisa várias vezes para se obter algo.
Quase metade dos adivinhos Yaka são do sexo feminino: a transmissão matrilinear de habilidades divinatórias é através de ambos os sexos, que é de (classificatória) é irmão da mãe para o filho da irmã ou filha.
Makakata (hakata no singular) e Dzithangu (thangu em xona no singular)
Durante todo centro sul da África, instrumentos de adivinhação em forma de "dados" pequenos tabletes de madeira ou osso têm sido usados ??por um longo período, um conjunto de terem sido encontrados em Khami no Zimbabué, que data de cerca do século XVII.
Feitos de madeira (os maiores) e marfim (os menores).
Gbekre (Baule)
É um oráculo provavelmente de origem Guro e é uma das várias técnicas de adivinhação utilizado na sociedade Baule, que é praticado no leste e central da Costa do Marfim por povos de língua Agni, que incluem o Guro e Yaure.
Os jinganga passam vários anos dominar esta técnica de adivinhação.
O material do gbekre está contido dentro de um vaso de terracota no interior de um cilindro oco de madeira. Ossos de pássaros e morcegos.
Os camundongos são colocados na câmara baixa e passar pelo buraco no cenáculo, no qual o adivinho colocou dez pequenas varas (originalmente, pássaros ou morcegos ossos foram usados). Os pauzinhos, chamados nyma gbekre (literalmente, "os olhos dos ratos"), são revestidas com farinha e anexado em uma extremidade com a fibra da casca de uma tartaruga de terra.
Ngombo Galukoji
É um oráculo da tribo Pende. Instrumento de adivinhação congolesa.
Confeccionado em Madeira, bambu, penas, fibras, pedras, sementes arbrus, pós.
Medidas; 39,4 x 96,5 centímetros (15 1 / 2 x 38 polegadas).
Para o Nkobo, outras divindades podem também fazer parte do sistema adivinhatório e mesmo as regentes, dependendo de como foi confeccionado. Exemplo; Mukumbi nem sempre é a divindade oracular, mas ela também é muito difundida e usada na confecção do oráculo.
Este método de adivinhação consiste em um sistema aberto analógico em que o uso é feito de um conjunto variado de figuras ( L: atupeel, atupeedi ) e substâncias de origem animal e vegetal ( maamp ngoomb MA ). 
Apesar de ser a maioria os homens a titularidade de advinho dos oráculos Bantu. A mulher tem seu papel nos 'Bayaka'. 
Vititi Mboko: É pouquíssimo conhecido na América este sistema oracular por ter um caráter complicadíssimo, dado que seu ritual de fundamento não se transmitiu aos novos iniciados e que consta de um cesto com uns 70 utensílios como ossículos de animais, sementes, cawris, estatuetas em miniaturas, etc...
Vititi Chamalongo: Oráculo conhecido também como ‘bianguê’ e ‘kesu’ onde são usados 4 pequenas conchas que tem em suas parte convexas e umas pequenas manchas.
Vititi Kunda: Método oracular pouco usado dos advinhos Bakongos. De onde se usa um pequeno instrumento musical de nome ‘kunda’. O antropólogo Wyatt McCaffrey que o nome kunda está relacionado com o verbo ‘saudar ou homenagear’ e que parece se referir aos espíritos como papel mediador. Não leva espelhos e sinos em sua composição.
Vititi Nkobo: Outro sistema advinhatório Bantu também conhecido como: Vititi Nkobo, Sandu,
Kumulenga, xabalão, kanomputo e Ndungi.
 Sistema de advinhação: Os elementos são caroços de dendezeiro, sementes, folhas, ossos, cawris e vários elementos côncavos que representam um olho de Katendê.
Se recita o kuboka ua nkobo antes de iniciar o jogo fazendo 3 libações de água a Mavambu. São pedaços de caroços de dendezeiro partidos ao meio lembrando um olho ao qual o patrono deste jogo é Katendê. Se lavam em ervas em flor de laranjeira, folhas de algodeiro, salvia, folhas de orô, hortelã, folhas de guiné, manteiga de cacau (ori), babosa e os sacrifícios correspondentes como 2 pombas, deixando por 4 dias os caroços e os 2 cascos de tartarugas pequenos, assim como também o restante do material envolvidos em morin branco. As águas usadas são de rio e chuva de primavera. Pode ser jogado numa esteira no chão ou num tabuleiro medindo 3,5 cm e diâmetro de aproximadamente 50cm. Nos 4 lados se talha um simbolismo representando os 4 mundos principais. 
Cada caída tem um significado numérico que correspondem a divindade regente. Esse significado numérico conhecido por ‘letras’
Se pergunta aos mortos e aos jinkisi aonde se deve levar as oferendas e se estão satisfeitos com o sacrifício oferecido. O sistema se vê com cinco palavras nada mais.
Se fecha a mão esquerda com os materiais advinhatórios e com a mão direita se toca a terra 3 vezes rezando o Kuboka ua Nkobo.
Se mentaliza o nome do Nkisi ao qual deseja perguntar.
Para conhecer as caídas se deve saber como estas caídas estão sendo para direita ou esquerda do chifre do bode ou antílope postos ao centro representando o infinito.
Se sabes na direita o números de Nkobo que cai em branco e na esquerda.
Quando os olhos caem virados os quatros para cima significam paz e positividade na questão respondendo Lembá e Nzaze.
Quando 3 olhos caem virados para cima e somente um para baixo, responde duvidoso e se a pergunta se repete e cai a mesma jogada, confirma ser duvidoso a questão. Respondem Mukumbi, Mikaiá, Nzaze e Mukongo Mbila.
Quando 2 olhos caem para cima e 2 para baixo responde a confirmação de Lembá para a questão em definitivo.
Quando 3 olhos caem fechado e apenas 1 aberto virado para cima responde desgraça e mau algouro. Os mortos respondem e também Matamba, Mavambu, Nsumbu, Nzingalubondoo, Nzaze e Kiangu. 
Quando os 4 olhos caem fechados para baixo responde intervenção judicial, desgraça e morte.
Se retorna a perguntar e se repetir o jogo a resposta é drástica tendo então que acender uma vela branca para os mortos e refrescá-los com água. Respondem Nzaze e Matamba. 
Se jogam duas vezes para saber a direção que se dá ao jogo. Se é direita ou esquerda.
Quando caem em linha todos abertos significam um bom caminho, mesmo sendo direita ou esquerda.
Se cai um aberto e outro fechado por cima significa que a mulher tem mais de um homem.
Duas caídas abertas uma sobre a outra significa uma amizade entre duas mulheres. 
Três ou quatro ‘nkobo’ na mesma posição significam homens que andam juntos e se pergunta que tipo de amizade os une.
Um nkobo aberto emcima de outro; mulheres. Se dois caem fechado um sobre o outro é briga de homens. 
O de cima quer vencer o que está abaixo. 
Se três caem abertos um sobre o outro significa relação entre mulheres e se caem fechados relação entre os homens e debilidade de caráter. o nkobo que estiver ao centro significa o pior e poderá ser processado pela justiça. Nesse caso se pergunta novamente. 
Antes de recitar o kuboka ua nkobo, recitar a Nkukualunga
Nkukualunga tata kamuenhú monhi 2x
Ngana ia dilenga monhi
Nkukualunga ia dilenga monhi 
Kuboka ua Vititi Nkobo :
Vititi Nkobo kupesa nsambu na mono, Vititi Nkobo mu Kuzola Kumonaka
Akilelenu kuene iambote (Que a luz seja boa)
Auhaxi kuene kutululuka (Que doença seja calma)
Amavambu kuene kutululuka iambote (Que mensageiro seja calmo e bom).
Nzambi ua kuatesá (Casa de Deus com fartura)
Nzambi ivua o kiriondo kiami (Deus escuta a minha súplica)
Akiami nzo ki kizangu (Que minha casa não entre trajédia)
Mbe Kana kala Fua (Que não haja morte)
Mbe Kana kala kulandulula kua manhinga (Que não haja derramamento de sangue )
Mbe Kana kala makutexi (Que não haja perdas)
Mbe he tena kudikoloxa niukexilu (Que se possa enxergar com clareza)
Mbe Kana Kuata mauhaxi nzo (Que não tenhamos doente na casa)
Mbe Kana kuata mulonga nzo (Que não tenhamos desavenças na casa)
Mbe Katende ngi nzela kudikoloxa ni e Tala (Que Katendê me permita enxergar com seu olho) 
Kondos regentes:
01 Yosi
02 Yole
03 Itatu
04 Iya
05 Ifanu
06 Isabami
07 Isaboarê
08 Inana
09 Ifwa
10 Kumi
11 Kumi Yosi
12 Kumi Yole
13 Kumitatu
14 Kumi Iya
15 Kumi Ifanu
16 Kumi asabami
17 Kumi Inana
18 Kumi Inana
19 Kumi fwá
20 Yole kumi
21 Yole kumi yosi
OBS: Para sacerdotes que estão dentro do culto de origem Bantu poderá ser feito a iniciação para o oráculo NKOBO.
* O período de preparação para a montagem, fundamentação e execução até o momento de se poder jogar ao consulente é de 9 meses.
* Todos os animais necessários e utensílios para o oráculo são de responsabilidade do sacerdote que deseja obter este sistema adivinhatório.
* Não é iniciado a este sistema oracular para sacerdotes de outras culturas que não seja de origem BANTU.

* Neste sistema oracular, é essencial que o sacerdote tenha o assentamento de Katendê.

APAXORÔ

O apaşorö Apa= cajado
Şorö = o mesmo que o xaoro( fazbarulho)
O aparşorö representa a chuva.
O apaşorö assim como o Alá é o mistério de Obátálaá.
O apaşorö feito do cipó de uma planta chamada glyphaca lateriflora abraham, conhecido popularmente como atori ou feito também de metal prateado .
O apaşorö tem correntes e quando Obàtálá  bate apaşorö no chão  e bate as correntes.
As correntes representam os  ancestrais e quando as correntes batem Obátálaá está reverenciando e invocando os ancestrais.


Texto : Lekeleke Adms