quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

HISTÓRIA E CULTURA NKANGA


RITOS DE ANGOLA
'Nosso objetivo precípuo é facilitar o intercâmbio de informação, democratizando o conhecimento e possibilitando o debate em torno da tradição afro-bantu, bem como vislumbrar a integração das comunidades de origem africana, porém, sempre respeitando símbolos, mitos e tradições, traduzindo as experiências mais fundamentais da existência humana e da concepção cosmogênica de mundo'


História e Cultura: Nkanda
Traduzido por Mam’etu Ndanda Dalu(*)
 

Yaka, Zombo, Nkanuos Zombo, Nkanu e Yaka vivem ‘fechados’ entre eles na altura das montanhas do Sudoeste do Congo e Nordeste do Angola
A divindade suprema, Nzambi Mpungu, é como o ápice da religião de Congo. Nessa hierarquia inclui-se os espíritos dos ancestrais(Bakulu), espíritos de pessoas que tenham habitado o lugar (bankita, bisimbi, matebo) e forças impessoais(minkisi).

Dentro das comunidades, ‘curadores’ naturais, adivinhos(que descobrem água debaixo da terra) e feitiçeiros, usam objetos ‘mortos’ do poder para manipular poderes metafísicos de outros objetos e restaurar a saúde de seus companheiros.

O Nkanda é um ritual importante. Um rito de passagem obrigatória para todo garoto adolescente, o nkanda os prepara psicologicamente e mentalmente para às ‘questões’ que o esperam na vida adulta em sua comunidade. A iniciação inclui o ensinamento de dons, enigmas, canções e dança, tal como uma congregação de ética e aceitamento do seu povo.


Todas as máscaras no Nkanda são usadas durante um ritual de encerramento. Elas asseguram sem problemas a fase crucial, durante a qual os garotos são ‘esquecidos’ pela comunidade, e depois ritualmente renascidos. As máscaras são geralmente entalhadas levemente em madeira clara e seu acabamento é colorido.O nome ‘Kisokolo’ pode ser ligado aos Chokwe pela palavra ‘chisokolu’, uma ramificação de grupo de caçadores com destaque para a ligação com amuletos. O nariz ‘pontudo’ nas máscaras desse tipo é frequentemente tratado como um símbolo do órgão sexual masculino. Ele pode ter um uso funcional. Os iniciantes têm que morder um pedaço de pão de mandioca e carne de bode que vem do ‘nariz’ dessa máscara, que é feita para esse propósito. A parte escura que aparece na testa, na bochecha e termina na área do nariz representa o conhecimento em escarificação (ato de fazer incisões, abrir a terra) pelo Nkanu, o qual provavelmente também está entre a comunidade.
A máscara tem a face “esbranquiçada” com um ‘pedaço’ escuro e chifres, os quais são representados por ‘armas’ levantadas de um dançarino expressando sua alegria. A parte da pele de lontra (mfuki) fica entre os chifres representando a cor ou o desenho.
A face branca e as linhas abaixo dos olhos são um sinal do tradicionalismo do clã e poder do líder. Ambos são significados para proteger o líder quando ele entra em contato com os ancestrais.

Povo de Zombo


Essa máscara grosseira de madeira é conhecida entre os Zombo como ‘Nkoso’ e entre Nkanu como ‘Kamatzala’. ‘Kamatzala’ pode ser traduzida como ‘Senhor das Penas’. Essa máscara é feita através de uma abóbora pardida ao meio, talvez cortada com um fio de barbante. Os olhos são feitos dos pedaços da abóbora e as penas são inseridas nas filas de barbante que ficam dentro dela. Essa máscara é usada por um iniciado idoso, sua tarefa é acompanhar os iniciados quando eles deixam o campo do Nkanda para ir ao rio ou à aldeia roubar comida. Como um pássaro, esse tipo de máscara significa a capacidade de cruzar fronteiras (vilas, aldeias, savanas e florestas).

Máscara Hemba


Essa máscara ‘HEMBA’ foi achada no Zombo e combina com um capacete em cima da cabeça do dançarino. O penteado em formato de planta é aparentemente comum nos estilos de corte de cabelo no Zombo, é também achado na escultura de madeira dos Nkanu, Mbeko, Ntandu, Lula, Yaka, Teke e grupos relatados.


(*) Barbara Barretto é graduada em Ciência da Computação, iniciada por Jiboin d’Nzambi e hoje pertence ao Terreiro Tumbalê Junçara, digirido por Tata Talamonakô.

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