domingo, 21 de dezembro de 2014

Ikú


Ikú é um Orixá

Posted by Fernando D'Osogiyan
Ikú, a Morte é um Orixá, designado por Olodumare para uma função derradeira. Existem e são raríssimas, pessoas de Ikú que, evidentemente, não são iniciadas, cumprem normalmente seu destino e tem funções específicas num Ilê Axé.

Oyekú Mejí é primeiro caminho à terra, quando o Odú Oyekú Mejí chegou à Terra, a morte ainda não existia. Orixá Ikú (morte) nasce nesse caminho para cumprir sua função na Terra, Opirá. (FIM).

Oyekú Meji representa essencialmente a Morte, a profunda escuridão, representa também o lado esquerdo, o este e o princípio feminino.

Ikú vem buscar a pessoa no dia derradeiro e esteja nas condições que estiver, para levá-la de volta ao interior da terra, ao ventre de Nanã.

Ikú cumpre rigorosamente sua função e somente aqueles que conhecem os omo-odús de Oyekú Mejí, poderá conversar com a morte, e por um breve tempo. Somente através do Imolê Exú e num determinado Odú é e que se faz oferendas a Ikú, estabelecendo pactos e acordos com Ikú para adiar e afastar a morte, aliado aos bons ebós.

Pai Agenor dizia que: a troca pela vida, através de oferendas, é o ponto central do culto aos Orixás, a vida, nada mais é, que a mais valiosa de todas as trocas e também a mais cara.

As trocas não são eternas, chegará o dia que Ikú terá que cumprir sua função e ainda exigirá oferendas, para garantir que só levará apenas um. Há casos famosos de zeladores que depois de mortos, Ikú voltou algumas vezes para cobrar sua oferenda e não encontrando levava seus filhos, acabando muitas vezes, com a casa de candomblé.

Com Ikú não se brinca, quando Ikú chega o nosso Orixá não está mais conosco, sabe que já cumpriu sua função e somente Orí acompanha a pessoa até o fim.
Axé.
Fernando D’Osogiyan

Dayane em Junho 18, 2011 às 2:11 pm

O texto está bastante claro e direto, como de costume.
A minha dúvida só consistiu na questão do “gênero” de Ikú. Sei que isso não é um fator de super relevância, mas Beniste define a morte como sendo um “personagem masculino” e mostra itans do odu Oyekú meji que justificam esta afirmação, ao falar que Ikú começou a matar desmedidamente depois de ter sua mãe espancada e morta, etc, etc, etc. E ainda cita a suposta esposa de Ikú, Olójòngbòdú, no desenrolar do itan.

Fernando D'Osogiyan em Junho 18, 2011 às 2:57 pm
Dayane,

A morte é um Orixá que não tem gênero, Beniste se refere a Itans para justificar uma condição que não existe, muitos estorias foram criadas em torno de Ikú e essa é mais uma de dezenas.
Oyekú é um caminho que já existia antes do nada, na plena escuridão de tudo e, é por esse caminho que nasceu a morte, no útero da Terra, para onde iremos um dia. Sua energia é única e seu propósito derradeiro.
Muitas vezes leio Itans antigos ditos de Ifá que não explicam na essência o que de fato querem dizer, criam exemplos distorcidos, enrolações de odú, afirmativas que vão acima do próprio Olorun e de situações simples como por exemplo, o sexo da morte.
Encontraremos no passado várias pestes que se abateram pelo mundo e até hoje, ainda somos surpreendidos por elas, matando milhares de pessoas, veremos bomba atômica, guerras sem fim, HIV, cancer, tsumames, furacões,fome, um infinidade de víris e doenças, até a DENGUE aqui no Rio de Janeiro tem matado muito nos últimos anos. Será que a morte ainda está com raiva que mataram e espancaram a sua mãe e por isso não para de matar?
São reflexões que temos que fazer, atualizar nossa mente ao nosso tempo, a renovação constante do nosso hálito ao axé o combustível da vida religiosa.
Axé.

Dayane em Junho 18, 2011 às 3:33 pm
Pois é, Fernando.

Tento fazer a linha contrária daqueles que ouvem o galo cantar não se sabe aonde e saem repetindo. Por isso, da forma como me cabe pela minha idade, pergunto. 
Muito vemos em livros, internet e até na oralidade algumas contraditoriedades que só a convivência na religião e o ato da reflexão nos salvam de ideias infames.
Meu questionamento foi mais por causa dessa contrariedade mesmo: “o princípio feminino” e o “gênero masculino”. Como o senhor esclareceu, está esclarecido e agora eu tenho mais uma vertente pra refletir e concluir.
Sobre as pestes e a revolta de Ikú, no itan mesmo fala que isso foi logo controlado a partir das oferendas direcionadas a ela. Daí em diante Ikú passou a atuar respeitando o tempo e os caminhos que cada um traz na sua passagem pelo aiyê, respeitando os designos de Olodumare.
Contraditoriedades à parte, o que pude perceber nesse itan é que Ikú, assim como todas as energias criadas com papéis específicos por Olodumare, apresenta características “humanas” bem completas e complexas, onde a “santidade” – sempre tão mensionada e ovacionada pelos cristãos – não é uma prerrogativa essencial. Denotando mais uma vez a nossa necessidade de manter o equilíbrio e harmonia entre as energias, fato onde entra o papel das oferendas até mesmo citadas pelo senhor no texto.
No fim, refletir sobre estes temas sempre nos enriquece dentro da religião e desenvolve um sistema de “auto-identidade” e aproximação em relação às nossas origens.

Como eu já lhe disse: o senhor é O Cara. hauhauhauha

Na África existe um culto dedicado somente a Orisá Iku?
E se existe como é q funciona?


Minha proposta é sempre pela simplicidade com sabedoria, ficar dando exemplos para justificar o ÓBVIO nos dias de hoje é perda de tempo, sinceramente. Tudo é muito atual, muito rápido, limpo e mais inteligente.

Ikú não nos cobra o tempo de vida, muito pelo contrário, não interfere em nosso livre arbítrio, em nosso odú, a vida de um candomblecista é quase que diariamente um eterno Ebó. Para que serve o Ebó no candomblé? Para apaziguar o nosso caminho até Ikú.

Estão aí os grandes zeladores, pra lá de octogenárias Iyalorixás, Babalorixás, Egbomis, Oloyès, Oluwòs, que respeitam um Ebó através de um “sonho”, do ‘tempo”, do “cheiro no ar”, dos “sinais”, “Babá egun” , dos “repentes intuitivos”, etc, e principalmente de “Exú”. Assim cuidamos do Orixá Ikú.

Fernando D'Osogiyan em Junho 19, 2011 às 2:46 pm
Fabricio,

Não existe culto para Ikú específicamente, como descrevi acima, cuidamos do caminho que nos levará a Ikú e posteriormente após nossa morte, cuidaremos do nosso Egun através do ritual de axexê.

Axé.

Janaína Corrêa em Junho 20, 2011 às 7:17 pm
Deixe-me ver se entendi: Ikú seria o “grand finale” de nossas vidas, quando não se cabe mais pleitear por ela? Conversar com a morte não quer dizer conversar com quem já se foi ou é? Pois sonho com muita gente que se foi, quando não, vejo a passagem completa, seja do nascimento, seja do fim. “Quando um zelador falece o Ikú vem buscar oferendas através de seus filhos…” é por isso que fazemos vume?

Fernando D'Osogiyan em Junho 20, 2011 às 8:08 pm
Janaína,

Ikú pode receber oferendas se Orunmilá nos indicar que tem caminho, caso o contrário é o FIM.

Não confunda Ikú com Egun, a morte simplesmente cumpre sua missão, o egun é a energia de quem já morreu, só isso.

Quando um zelador ou qualquer pessoa iniciada na religião morre, Ikú já cumpriu com seu papel. O que se procede após a morte são os rituais de Axexê que é o encaminhamento do Egun para junto dos seus ancestrais. A Tirar a mão de Vume é uma obrigação com objetivo de desapego da energia do zelador falecido de seu Orí.

Axé.
Janaína Corrêa em Junho 20, 2011 às 8:11 pm


Alex em Julho 2, 2011 às 2:31 am
A minha dúvida é a seguinte: existe mesmo pessoas cujo Orixá é Iku? E se existem, quais são as características dessas pessoas?

Da Ilha em Julho 2, 2011 às 3:03 am
Alex, não existem pessoas de Ikù.
Um òrìsá que tem por finalidade resgatar a materia prima, o barro, que foi fornecido a Obatalá para modelar nossos corpos.
Existe uma lenda muito grande sobre o assunto um dia desses postaremos.

Quando acontece de AbIkú responder em Ejíokò, detecta-se a presenta forte do Orixá Ikú. Um enorme ebó de carrego é feito para este Orixá, normalmente Oxalá ou Nanã irão cuidar da Abí desse Orí, sendo assim, intrinsecamente existem pessoas que são parte de ikú e precisam da energia de Ikú para nascer. Um assunto complexo e fechado nas grandes casas de candomblé. Quem vai dizer que é de Ikú? Mas, muitos são Abikús, e para serem abikús, tem que entender a presença do Orixá Ikú em suas vidas.

Matéria postada no site Rede Afrobrasileira, que dou os créditos de direito.



"Quando os missionários chegaram, os africanos tinham a terra e os missionários tinham a Bíblia. Eles nos ensinaram a rezar de olhos fechados. Quando nós os abrimos, eles tinham a terra e nós tínhamos a Bíblia"

quinta-feira, 24 de julho de 2014

TRADIÇÃO DE CULTUAR

O CULTO À AJUNSUN NO CALUNDÚ DO OBITEDO DE CACHOEIRA
O NASCIMENTO DO TERREIRO DE ÒSÙMÀRÈ 5 de dezembro de 2012 às 02:52
Mais que centenária, a história da Casa de Òsùmàrè, inicia-se muito antes da edificação do atual templo, à Av. Vasco da Gama. O primórdio deste que é um dos mais tradicionais e respeitados Candomblés do Brasil, remonta-nos ao final do século XVIII, à antiga cidade de Kpeyin Vedji, localidade africana ao noro este de Abomey, conhecida e respeitada pelo conglomerado de Sacerdotes do Culto à Axósu (Ajunsun). É nessa longínqua província onde nasceu a semente do que anos mais tarde, tornar-se-ia o que hoje conhecemos como Sociedade Cultural, Religiosa e Beneficente São Salvador, ou simplesmente Casa de Òsùmàrè.
Com aproximadamente dez anos de idade, uma criança cujo nome era Talabi, é encaminhada de Kpeyin Vedji ao porto de Eko (atual cidade de Lagos, na Nigéria), de onde embarcaria rumo ao Brasil na condição de escravo.    Mas, mesmo diante da ferrenha repressão imposta pelos brancos, Talabi preserva sua fé e cultura, não olvidando-se de suas origens africanas e, sempre que possível, reverenciando seus Deuses e Ancestres, tornando-o dessa forma, reconhecido e admirado em meio aos negros de Salvador.   Ao longo de sua juventude, Talabi adquiriu fama de poderoso curandeiro entre os negros.
Já liberto, Talabi passa a viver como comerciante, estabelecendo ligação com as cidades do Recôncavo Baiano, em especial, com Cachoeira, onde teria mais tarde, um importante papel na construção da religiosidade desta cidade. Com intenso comércio com a cidade de Cachoeira, nasce um importante vínculo com outro africano liberto, Belchior Rodrigues Moura, do grupo etnolingüístico Ewe-Fon, portanto Jeje.   Com o advento desta importante amizade, no início do século XIX, por volta de 1820 nasce também o Culto à Ajunsun, no chamado Calundú do Obitedo, que ocorria sempre nos meses de outubro. Ao longo do tempo, essas manifestações religiosas, ocultas à luz dos brancos, foram ganhando notoriedade entre o povo de origem africana, abarcando dessa forma, outros negros nessa confraria que representa a estruturação primordial da ascendência religiosa do Candomblé de Òsùmàrè, em Salvador.  
Neste local, denominado Calundú do Obitedo, Talabi começa a apresentar de forma mais contundente seus dotes como grande sacerdote e líder religioso entre os negros.   
Em 1.836, Talabi adquire a sua primeira propriedade, na Rua das Grades de Ferros. Neste local, Talabi enceta a pedra fundamental do Culto em Salvador, até então, restrito à cidade de Cachoeira. Em pouco tempo, sua fama já adquirida no recôncavo é também constatada em Salvador, sendo que, em 15 de outubro de 1.845, não por acaso, mês do culto à Ajunsun, Talabi cumpre as determinações dos Òrìsàs e, dá mais um importante passo na sua trajetória religiosa, comprando uma propriedade na Cruz do Cosme. Surge então, a primeira edificação estruturada do Ilé Òsùmàrè Asè Ogodo, local onde de forma oficial, Talabi realiza o Culto às Divindades Africanas.  
Após solidificar raízes na Cruz do Cosme, Talabi transforma seu Terreiro não somente em uma casa de Asè, mas sim, num espaço de resistência negra e resgate familiar. Determinado e sendo um homem de posses, começa a “comprar escravos”, única maneira de responder legalmente pelos filhos de santos que abarcava nos seios da Casa de Òsùmàrè.   Líder religioso visionário criou uma espécie de congregação, na qual cada filho de santo seu, deveria trabalhar de modo que pudesse “comprar” mais escravos, ou seja, “libertar novos filhos de santo” para o crescimento do culto aos Òrìsàs.  
Ainda em 1.846, na Cruz do Cosme, Talabi inicia os dois filhos do seu grande amigo Belchior Rodrigues Moura. A saber: José Maria Belchior (com 9 anos) e Antônio Maria Belchior (com 6 anos). Os dois tornar-se-iam Zé do Brechó e, Antônio das Cobras, o fundador do Xwe Seja Hunde e, futuro sucessor da Casa de Òsùmàrè, respectivamente.   A confiança de Belchior Rodrigues Moura, em entregar a iniciação de seus filhos à Talabi, evidencia uma vez mais, o reconhecimento da elevada recognição religiosa deste ilustre sacerdote.  
Ante a avançada idade de Talabi, a Casa de Òsùmàrè passa a ser administrada por Antônio Maria Belchior (Salakó, iniciado para Dada Bayànnì), popularmente conhecido como Antônio das Cobras, Damásio Joaquim Ricardo (Doyin, filho de Ibeji) e Olavo Joaquim Ricardo (Salami, filho de Òsàlá), sendo os dois últimos filhos consangüíneos de Talabi.   Com aproximadamente 90 anos, em 20 de junho de 1.865, Talabi parte para o Orùn, sendo sepultado em Freguesia de Santo Antônio Além do Carmo, conforme determinação do mesmo, assinada em testamento.   Talabi morreu Agba (ancião) e Lese Òrìsà (aos pés do Òrìsà), fato plausível diante de todos os percalços invariáveis da época, sobretudo para um negro liberto.
A longevidade de Talabi, aliada aos prósperos negócios que mantinha, fortifica a predestinação do mesmo em cumprir a missão de trazer e disseminar no Brasil, a milenar cultura africana do Culto aos Òrìsàs.   Desta forma, a festa de Ajusun realizada no Terreiro de Òsùmàrè no último sábado, dia 20 de outubro, além da obvia homenagem à Divindade do Fundador da nossa Casa é, igualmente, a prova contundente da manutenção do legado daquele que, mesmo diante de todos e invariáveis problemas oriundos da escravidão, perpetuou uma história, uma cultura, uma tradição religiosa que hoje, é mantida com honra, fé e determinação por nosso amado Pai Pecê.   
Assim sendo, participamos à todos, uma antiga frase originária ainda em Kpeyin Vedji, na qual ilustra de forma ímpar o destino do nosso Pai Talabi: Axosu Ze Me Do Du Talabi (Talabi! Aquele Que Ajunsun Escolheu para Ser Rei!).  
Que Òsùmàrè Aràká pelo dia de hoje, olhe por todas as pessoas que verdadeiramente acreditam no poder dos Deuses Africanos.  
Terreiro de Òsùmàrè.  
Àse.

quinta-feira, 5 de junho de 2014

OXUM - UM APANHADO

s as DiscussõesMeus tópicosAdicionar Oxum---um apanhado..... Publicado por Babà Eduardo T' Òsun em 14 maio 2011 às 20:40 em Tópicos de temas diversosEnviar mensagem   Exibir tópicos Oxum é a divindade dos rios e da beleza. Dizem que ela é tão delicada como o fluxo de um riacho entre as pedras, mas também tão poderosa como uma cachoeira. Dança em um ritmo chamado ijexa, se olhando vaidosa no espelho que segura e se arrumando na beira do rio. Suas cores são o amarelo e dourado. Seu dia é sábado e sua saudação é “Ore Yeyé O”. África Osun - (Oshun ou Oschun) na Mitologia Yoruba, é um orixá feminino, seu nome deriva do rio Osun que corre na Iorubalândia, na região nigeriana de Ijexá e Ijebu. Em seu livro Orixás, Pierre Fatumbi Verger relata que os iorubás acreditam haver 16 qualidades de Oxuns que se relacionam cada qual a uma profundidade desse rio. As mais velhas ou mais antigas são encontradas nos locais mais profundos, enquanto as mais jovens respondem pelos mais rasos. Brasil Candomblé Bantu: A Nkisi Ndandalunda, Senhora da fertilidade, e da Lua, muito confundida com Hongolo e Kisimbi, tem semelhanças com Oxum. Candomblé Ketu: Divindade das águas doces, Oxum é a padroeira da gestação e da fecundidade, recebendo as preces das mulheres que desejam ter filhos e protegendo-as durante a gravidez. Protege, também, as crianças pequenas até que comecem a falar, sendo carinhosamente chamada de Mamãe por seus devotos. Orixá do amor, da prosperidade e da beleza, em sua qualidade Ipondá, é a mãe de Logunedé, orixá menino que compartilha dos seus axés. Ambos dançam ao som do ritmo ijexá, toque que recebe o nome de sua região de origem, com o abebé nas mãos, um espelho de metal no qual a beleza se reflete. Em Oxum, os fiéis também buscam auxílio para a solução de problemas no amor, uma vez que ela é a responsável pelas uniões e na vida financeira, tanto que muitas vezes é chamada de Senhora do Ouro. Na natureza, o culto à Oxum costuma ser realizado nas cachoeiras e, mais raramente, próximo às fontes de águas minerais. Sincretizada com diversas Nossas Senhoras, na Bahia ela é tida como Nossa Senhora das Candeias ou Nossa Senhora dos Prazeres e muitas vezes derrama lágrimas ao incorporar, um fenômeno que se assemelha às lágrimas manifestadas em várias imagens de Nossa Senhora pelo mundo todo. ARQUÉTIPO_________________________________________________________________ O arquétipo de Oxum é o das mulheres graciosas e elegantes, com paixão pelas jóias, perfumes e vestimentas caras. Das mulheres que são símbolos do charme e da beleza. Voluptuosas e sensuais, porém mais reservadas que Oiá. Elas evitam chocar a opinião pública, à qual dão grande importância. Sob sua aparência graciosa e sedutora escondem uma vontade muito forte e um grande desejo de ascensão social. (Do livro "Orixás - Pierre Fatumbi Verger - Editora Corrupio") O presente tema apresenta, como personagem central, o Orixá Oxun, deusa do amor, das águas doces, da beleza e da feminilidade. Oxun teria nascido de uma concha depositada por sua mãe Yemanjá, na margens de um grande rio ao qual empresta o seu nome, Rio Oxun, em yorubá "Odô Oxun". É nos locais mais profundos deste rio, entre as localidades de Iguedé onde nasce e Leké, onde desemboca numa lagoa, que Oxun é originalmente cultuada, tendo o seu templo principal edificado nesta região, na aldeia de Oxogbo, palavra do dialeto yorubá que significa: "Oxun atingiu a maturidade". No percurso do rio, que corresponde à trajetória do próprio Orixá, Oxun assume diferentes características, todas ligadas à maneira de ser das mulheres, de seu caráter e atitudes, de suas qualidades e defeitos. Assim, o africano se refere à diferentes "caminhos" deste Orixá, que serão descritos de forma particular, sempre comparados a situações específicas do procedimento feminino. Temos então, Oxun Kayode, representada pela dança de Oxun, repleta de movimentos que denotam a sensualidade revelada na maneira de andar, de se movimentar e de proceder das mulheres. Yeye Kare representa o culto à beleza e à vaidade feminina, é descrita como "O Espírito que se reflete no espelho", motivo pelo qual Oxun está permanentemente se admirando na superfície de um espelho, do qual não se separa nunca. O gosto pela riqueza, pela opulência e pelo uso de jóias e adornos se revela no caminho de Oxun Bumi, onde a yagbá cobre-se de pulseiras, brincos e colares de ouro, metal que lhe pertence por direito e ao qual está ligada de todas as formas. Oxun Sekese representa a aparente fragilidade feminina, artifício usado para obter a proteção dos representantes do sexo masculino. Oxun Ibukola é a sedutora irresistível e representa o poder de sedução feminino. O espírito maternal é representado por três diferentes caminhos onde Oxun Fumike proporciona a possibilidade de gerar filhos, Oxun Oxogbô assiste a mulher na hora do parto, desempenhando aí, a função de parteira e Oxun Funke é a mestra, representando a mãe que orienta e ensina aos filhos as primeiras palavras e passos no seu primeiro contacto com o mundo e com a própria vida. Oxun Miwa, o Espirito das Águas Doces, está, de certa forma, ligada ao processo de gestação e dizem que assiste e protege o feto durante todo o período de gravidez, sendo a dona do líquido aminiótico. A inconstância do caráter feminino é representada por Oxun Akura Ibú, que se faz presente nos locais de encontro das águas do rio com as do mar. A mulher guerreira, batalhadora e belicosa é representada por quatro caminhos de Oxun, nos quais porta sempre uma espada. Nestes caminhos a Orixá é conhecida como: Oxun Apará, Oxun Oke, Oxun Ipondá e Yeye Iberin, todas consideradas como guerreira poderosas. A mulher madura, consciente de sua graça e elegância, revestida de respeito e classe é representada por Oxun Ede. A partir daí, Oxun assume características relacionadas à mulher envelhecida, cheia de manias e preconceitos, ranzinza e implicante e é então representada por Oxun Ogá. No último caminho, vamos encontrar Oxun Abotô, considerada velha e decrépita e envolvida em ações misteriosas e obscuras relacionadas, talvez, à prática da feitiçaria. Oxun, então, assume e revela todo o poder feiticeiro da mulher. Desprovida agora de escrúpulos e do sentimento de piedade, contesta a pseudo superioridade do macho e cria uma sociedade secreta estritamente matriarcal denominada Sociedade Gueledé, onde a face maligna é encoberta por máscaras muitíssimo elaboradas. É Oxun Awe quem se encarrega de organizar esta sociedade onde o homem não tem vez, devendo, tão somente, submeter-se de bom grado às exigências de suas líderes. Oxun, reunindo em si mesma todas as diferentes manifestações anteriormente descritas, assume para si o absurdo poder de Yámi Ajé - a Mãe Feiticeira – e, investida deste poder, controla a vida e a morte, punindo ou premiando indiscriminadamente, sem senso de justiça e sem julgamento. Aí, é representada pela grande cabaça Igbadu, símbolo do ventre gerador, encimada pelo pássaro Oxorongá, representação do poder feiticeiro ilimitado que pode enviar aonde bem entender de acordo com sua conveniência. Surpreendentemente, determina que esta cabaça jamais seja vista ou cultuada por mulheres. OXUN NO BRASIL Estabelecido em definitivo o culto no Brasil, outras manifestações de Oxun podem ser verificadas nos tradicionais terreiros ou roças de candomblé. Enquanto na África, as diferentes manifestações são consideradas como caminhos percorridos por Oxun como uma única entidade, no Brasil considera-se cada "qualidade" como sendo um Orixá diferente e assim, Oxun deixa de ser uma só e diferentes Oxuns, componentes de uma grande família serão cultuadas de acordo com cada diferente qualidade. Desta forma, Oxun Ijumú, considerada a rainha de todas as Oxuns está ligada ao aspecto de Yamí Ajé, ostentando, por isto, o título de Yalode. Oxun Ayalá teria sido mulher de Ogun com quem trabalhava na forja, acionando o fole para atiçar as brasas. Conta a lenda que o fole acionado por Oxun Ayalá produzia um som ritmado e muito agradável. Atraído por este som, Egun pôs-se a dançar diante da ferramentaria, atraindo um grande número de assistentes que por ali passavam. Encantados com o bailado de Egun os passantes lhe fizeram muitas oferendas de dinheiro, o que o deixou feliz e vaidoso. Ao saber que Egun estava ganhando dinheiro com sua apresentação, Oxun exigiu que metade da renda obtida fosse dividida com ela, caso contrário, não acionaria mais o fole que produzia o ritmo sem o qual Egun não poderia mais dançar. Sem alternativas, Egun teve que aceitar a exigência da Yagbá passando, a partir de então, a dividir com ela tudo o que ganhava em suas apresentações. Esta Oxun além de sua ligação com Ogun Alagbede tem sérios fundamentos com Egun. Oxun Abalú, também conhecida como Oxun Abotô é considerada como sendo a mais velha de todas. É muito ciumenta e adora receber hortências como oferenda. Sua ligação com Omolú o Orixá da peste, tido como o médico dos pobres, é notável e segundo dizem, acompanha este Orixá em suas andanças pelos quatro cantos do mundo. Oxun Ipetú é a guardiã dos segredos insondáveis. Sobre esta Oxun pouco se sabe e nada se fala. A simples pronúncia de seu nome é revestida de muito respeito e considerada quase como um tabu. Oxun Popolokun, também revestida de uma enorme aura de mistério, é cultuada em lagoas de águas profundas, onde estabelece a sua residência. Conta a lenda que esta Oxun costuma aprisionar em seu reino aqueles que se aventuram a mergulhar em suas águas. Oxun Apará é a poderosa guerreira que acompanha Ogun em suas campanhas, porta um sabre que manipula com força e destreza. Esta Oxun tem fundamento com Yemanjá, de quem é filha e com quem costuma comer. Da mesma forma que Apará, Oxun Ipondá é guerreira e dona de caráter irrascível. Esta Oxun costuma formar, junto com Oyá, uma dupla de combatentes invencíveis. Existe assim uma Oxun denominada Yeye Oloko, que habita nos mananciais d’água existentes no interior das florestas mantendo ligações fundamentais com Oxóssi e Osain. Como vimos, Oxun representa a feminilidade em todos os seus diferentes aspectos. Seu charme e inteligência proporcionaram-lhe a possibilidade de ter sido, por escolha própria, esposa de inúmeros Orixás, com exceção de Obatalá, de quem seria a filha dileta e de Exu, com quem sempre manteve uma relação de amizade fraternal e cumplicidade. Como esposa de Orunmilá - Senhor e Patrono do Oráculo de Ifá – Oxun recebe o título de primeira Apetebí, dado até hoje às sacerdotisas do culto de Orunmilá e às esposas de sue sacerdotes, os babalaôs. Uma lenda narra de que forma Oxun, com o auxílio de Exu, roubou o segredo dos 16 signos do Sistema Oracular de Ifá, os 16 Odu-Meji, criando com isto um novo sistema divinatório, o jogo de búzios, proporcionando condições para que as mulheres pudessem proceder à adivinhação, o que anteriormente era exclusividade dos homens. Dentre as figuras do oráculo, destacamos o Odu Oxe Meji, através do qual Oxun se comunica com os seres humanos. Uma outra lenda, ressaltando a astúcia de Oxun, narra que Xangô o poderoso Orixá do trovão possuía três esposas, Oyá, Obá e Oxun, sendo que a última era a sua favorita. Ansiosa por receber maiores atenções do marido, Obá pediu que Oxun lhe ensinasse o feitiço que havia feito para conquistar o coração de Xangô. Ardilosa e maldosamente a bela senhora orientou a concorrente para que cortasse uma de suas orelhas e que a servisse depois de cozida, como alimento ao marido. Obá, acreditando na sinceridade de Oxun, não hesitou em decepar a própria orelha e com ela preparar um belo prato, de acordo com o gosto de Xangô. Ao deparar-se com o alimento que a mulher lhe servia, Xangô, indignado, expulsou Obá do palácio real, terminado assim, com qualquer possibilidade de um dia vir a ser a sua favorita. A partir de então, Obá e Oxun tornaram-se inimigas irreconciliáveis, Em outra ocasião, Oxun apaixona-se por Oxóssi que vinha diáriamente banhar-se nas águas do rio, no local exato em que ela morava. De todas as formas, tentava atrair o caçador para dentro do rio onde pretendia entregar-se a ele. Oxóssi, que não sabia nadar, embora atraído pela beleza de Oxun, não ousava arriscar-se na correnteza e, desta forma, o ato de amor não se consumava. Enlouquecida pela paixão, Oxun arquitetou um plano e fez com que Oxóssi comesse uma iguaria preparada à base de mel de abelhas. Exu foi encarregado de entregar à Oxóssi o doce feito por Oxun e, desta forma, após comer a deliciosa torta, Oxóssi, enfeitiçado, perdeu o sentido de perigo e, atirando-se às águas, deixou-se levar pelos encantos da bela senhora. Satisfeita em seu desejo, Oxun simplesmente abandonou o amante ao sabor da corrente e Oxóssi, sem saber nadar, sucumbiu, tragado que foi pelas águas do rio. Desta união, nasceu Logunedé, Orixá menino, que possui características do pai, atuando como caçador e vivendo dentro das matas durante um certo período e, noutro período, assumindo as características de sua mãe, vive da pesca e reside nas águas do rio. O culto à Oxun se destaca por características próprias e é na cadência do ritmo ijexá que ela se apresenta, espargindo o perfume da água-de-cheiro, dançando de forma sensual e maliciosa, envolvendo a todos na magia do bailado onde exalta todos os seus aspectos de deusa-mulher e contagiando de tal forma os presentes que, repentinamente, todos agitam os próprios corpos ao som irresistível dos atabaques, gans, agogôs e afoxés, como crianças embaladas pela magia dos cânticos da Grande Mãe. Esta é Oxun, a Deusa do Amor, a Senhora do Ouro e do Mel, a Rainha das Águas Doces, dos Rios e das Cachoeiras. Esta é Oxun, a Vênus Negra, nossa Mãe Transcedental, a quem saudamos efusiva e respeitosamente: Ore Yeye ô! OXUN NO CARIBE Entre os povos do Caribe, por influência dos escravos negros, o culto aos Orixás se expandiu e, em Cuba, é conhecido como "Santeria". Muitas são as lendas conhecidas naquele país que descrevem a trajetória dos Orixás tentando, sempre de forma alegórica, explicar sua relação com a natureza e com os seres humanos. Oxun, uma das mais importantes personagens do panteão afro-cubano, está ligada a diversos aspectos da natureza como as águas doces, as cachoeiras, o ouro, o mel e a reprodução das espécies. Representa a luta pela vida e pela sobrevivência. Deusa do amor e senhora dos cursos d'água, sua primeira manifestação teria ocorrido, segundo uma lenda, numa concha na beira de um rio. Segundo os povos do Caribe, Oxun é filha de Nanan e de Obatalá e gerou filhos ao acasalar-se com Obatalá, Orunmilá e Oxóssi. Com Orunmilá, gerou Poroyé, do sexo feminino. Com Odé gerou Logun Edé, Orixá masculino mas, devido à sua delicadeza e infantilidade, visto como andrógino e, com Obatalá, gerou Olosá ou Oloxá, entidade feminina que vive tanto nas águas dos rios quanto nas águas do oceano. Sua relação sexual com Obatalá, seu pai, considerada como quebra de um tabu rigoroso, é o segredo contido nos itans de Ifá que se referem à uma relação incestuosa entre os Odus Ofun Meji e Oxe Meji, depois da qual Ofun, que sendo o mais velho dentre os dezesseis Odus de Ifá, cede sua primogenitura à Ejiogbe, passando, a partir de então, a ocupar o último lugar entre os Agba Odu ou Odu Meji. Oxun exercia entre os Orixás, o cargo de cozinheira e, exigindo deles uma possibilidade de participar de funções mais importantes, lançou sobre toda a criação uma maldição que impedia a continuidade da vida sobre a Terra. Para que tal praga fosse retirada exigiu uma posição de destaque entre os principais Orixás, obtendo, desta forma, o respeito e a submissão de Obatalá a quem provara representar o poder gerador feminino. Teria vivido com Ajagunan, Orixá Funfun de caráter belicoso, tendo abandonado sua companhia em decorrência da grande quantidade de igbíns que este Orixá comia e que sendo a representação viva do elemento água, é uma de suas maiores interdições. Uma das principais atribuições deste Orixá é cuidar do desenvolvimento dos seres humanos a partir da fecundação, função esta que exerce com muita dedicação, acompanhando o desenvolvimento do embrião, passando pelo período fetal e só entregando aos cuidados do seu próprio Orixá a criança que já possa reclamar a atenção de seus pais demonstrando de alguma forma, sua necessidades pessoais. Além de Obatalá, Orunmilá, Oxóssi e Ajagunan, Oxun teria sido mulher de Osain, Xakpanan, Xangô, Aganjú, Orixaoko e Inle. Segundo afirmam, seu grande amor teria sido Oxóssi e sua união mais conveniente teria sido com Orunmilá, com quem adquiriu coroa e saber. Dentre os Orixás femininos, Oxun é a única que pode ouvir a palavra de Ifá, o "Orô Orunmilá". Oxun é dona do mel e da doçura, possui um belo sorriso que muitas vezes utiliza para augurar um desastre que, propositadamente, provoca na vida de alguém através do seu poder de Iyami Ajé, o mesmo poder utilizado para obter a importante posição que hoje ocupa, reconhecida até por Obatalá, o pai da criação. Oxun é amor, ternura, paixão, desejo e sexualidade, da mesma forma que é dor, pranto, ódio, vingança e castigo. É a personificação do amor maternal e senhora do poder genitor feminino representado pelo sangue menstrual que é simbolizado pelas penas vermelhas "ekodidé". Estas mesmas atribuições lhe conferem o poder de Iyami Ajé, Senhora do Pássaro Oxorongá, símbolo do poder feiticeiro inerente à natureza feminina. Muitos Odus de Ifá possuem itans que falam especificamente sobre Oxun, destacando-se entre eles: Em Ikadi Oxun é desonrada por seu próprio pai. Em Oxetura obtém o reconhecimento de seus poderes de Ajé e é declarada chefe das mães ancestrais. Em Irosunká é nomeada como a primeira apetebí ao casar-se com Orunmilá. No mesmo Odu Oxun salva o mundo da destruição total. Em Ofunkanran salva Omolú da morte. Em Ejiogbe livra Oiyá das garras dos inimigos. Em Oxerosun, protege e salva o amor de Yemanjá e Ogun. Assim é Oxun, doce veneno. Oxun, a fêmea ideal, o protótipo da mulher, perfeita em sua próprias imperfeições. Mãe dos homens, senhora, companheira, adversária e maior amiga. Mas Oxun representa principalmente e em toda a sua complexidade, a mulher, a maior, mais perfeita e completa criação de Deus, a obra prima da natureza. QUALIDADES DE OXUN SEGUNDO A SANTERIA DE CUBA 1 - IBU KOLE Esta Oxun nasce no Odu Ogbetura e come galinha d’angola. É aquela que cuida da casa e recolhe o lixo produzido dentro dela. Seu fio de contas é amarelo ouro intercalado com âmbar e corais. 2 - OXUN OLOLODI Trata-se de uma Oxun guerreira que porta uma espada. Seu adê é adornado com búzios. Carrega um erukeré com o cabo adornado com contas de Orunmilá. Dentro de sua sopeira coloca-se areia do mar e do rio misturadas. Entre os ararás é conhecida como Atiti. 3 - OXUN OPARA ou APARÁ. (Em Cuba: Ibu Akparo) Esta qualidade de Oxun nasce no Odu Owónrin Meji. Seu nome secreto é Iganidan. É aquela que reina sem coroa. É representada pela codorna. Vive na desembocadura do rio com o mar e, segundo dizem, é surda. Come codornas e, com Yemanjá, come duas galinhas cinzentas. 4 - OXUN IBÚ ANAN. Esta Oxun é tocadora de tambor e nasce em Oturukponyekú. Seu orikí diz: Aquela que ao ouvir o tambor corre em sua direção. 5 - IBU INÃNI. Aquela que é famosa nas disputas. Seu igbá fica sobre areia de rio. Leva um abebé de metal com dois guizos. Os ararás a chamam de "Tukusi" ou "Tobosi". 6 - OXUN IJIMU OU YUMU. Aquela que faz inchar a barriga sem que haja gravidez. Esta Oxun é belíssima e nasce no Odu Ika Meji. Os ararás a chamam de "Tukusi" ou de "Tobosi". 7 - OXUN IBU ODONKI. Esta Oxun vive em cima de um pilão. Ao lado de seu igbá coloca-se um cesto com material de costura. Seu oriki diz: O rio está crescendo e suas águas estão cheias de lixo. Entre os Ararás é conhecida como "Tokago". 8 - OXUN IBÚ ODOÍ. Esta Oxun come inhame e, junto dela deve-se manter sempre, um inhame cru. É estreitamente ligada com as Iyami e possui o dom da feitiçaria. Entre os ararás é conhecida como "Fosupô". 9 - OXUN IBU OGALE. Esta Oxun vive rodeada de telhas de barro É uma Oxun velha e guerreira, considerada a guardiã das chaves. Os ararás a chamam de "Oakerê". 10 - OXUN IYEPONDÁ. A lenda conta que foi esta Oxun quem liberou Xangô do cativeiro. Segundo outra lenda, esta Oxun foi morta e atirada às águas de um rio, onde logrou ressuscitar. É guerreira e brigona. Entre os ararás é conhecida pelo nome de "Agokusi". 11 - OXUN IBU ADESÁ. Esta Oxun é a dona do pavão real, animal que lhe é sacrificado. Seu nome significa: "A Coroa é Segura". Entre os ararás é conhecida como "Abotô". 12 - OXUN AYEDÊ OU EYEDE. Seu nome significa: "Aquela que age como uma rainha". Os ararás a chamam de Iyaáde. 13 - OXUN OKPAXE ODO. "Aquela que ressurgiu do rio depois de morta". É conhecida, entre os ararás, como "Totokusi". 14 - OXUN IBUMI. Esta Oxun é representada pelo camarão de água doce que, por sua vez, é seu prato preferido. Não tem paradeiro, é caminhante e fujona. Entre os ararás é conhecida pelo mesmo nome. 15 - OXUN IBU LATIE. Esta Oxun vive no meio do rio. Só come em cabaças e seu igbá leva 15 flechas e cinco idés dourados. Não possui coroa e quando é vestida enrola-se sua cabeça num ojá amarelo com um filá de búzios pequeninos. Seu nome indica que possui poderes ilimitados e que tem fundamento com Exú Elegbara. Os ararás a chamam de Kotunga. 16 - OXUN ELEKÉ OIYN. Esta é uma Oxun guerreira e aguerrida. Seu igbá tem que estar sempre besuntado de mel de abelhas da mesma forma que, segundo a lenda, massageava seu próprio corpo com este material. É muito forte e carrega nas mãos um bastão com a ponta em forma de forquilha. 17 - OXUN ITUMU. Esta é uma Oxun guerreira e que adora confusões. Veste-se de branco e usa calças compridas como os homens. Dizem ser uma temível amazona que nas águas combate montada num crocodilo e na terra, no lombo de um avestruz. Habita as lagoas de águas doces e pode ser encontrada sempre na companhia de Inle e de Azawani. Os ararás a cultuam com o nome de Hueyagbe. 18 - OXUN TINIBÚ. Esta Oxun vive com Igbadu e nasce no Odu Ireteyero. É a matriarca da Sociedade das Iyalodes. Come cabra, cuja cabeça, depois de seca, é colocada sobre seu igbá. Conta a lenda que tem uma irmã chamada Miuá Ilekoxexe Ile Bomu, que é cultuada junto com ela. Esta outra Oxun não toma a cabeça de ninguém. 19 - OXUN AJAJURA. Esta Oxun vive em lagoas, não usa coroa e é muito guerreira. Em seu igbá coloca-se um casco de tartaruga. 20 - OXUN AREMU KONDIANO. Teria sido a primeira a se manifestar numa cabeça humana. Veste-se inteiramente de branco e seu fio de contas é de nácar e coral com gomos de contas verdes e amarelas (de Orunmilá). Trata-se de uma Oxun muito misteriosa. Tem estreita ligações com Obatalá, chegando, por vezes, a ser confundida com ele. Esta Oxun, segundo um itan do Odu Ogbekana, foi quem ajudou Orunmilá a esquartejar o elefante. Os ararás a chamam de Tefande. 21 - OXUN IBUSENÍ. Esta Oxun vive nas pequenas poças d’água que se formam próximo das margens dos rios. É assentada em duas sopeiras. Cada uma com um otá. É conhecida como Ajuaniynu, entre os ararás. 22 - OXUN IBUFONDÁ. Esta Oxun morreu na companhia de Inle. Está sempre em guerra e não abre mão de uma espada. Seu prato predileto é o inhame. Os ararás a conhecem como Zehuen. 23 - OXUN IBU ODOKO. Esta Oxun é muito poderosa e nasce em Ogbekana. É agricultora e acompanha Orixaoko. 24 - OXUN AWAYEMI. Esta Oxun nasce em Oyeku Meji. É inteiramente cega e vive na companhia de Azawani e Orunmilá. 25 - OXUN IBU ELEDAN. Esta Oxun nasce no Odu Oxe Leso (Oxe Irosun). É a dona das fossas nasais Come cabrito capado e pequeno. 26 - OXUN IDERE LEKUN. Nasce no Odu Oturasá. Vive nos buracos formados nas pedras pelas ondas do mar nos locais de encontro do rio com o mar. Leva um atabaque de cunha chamado "koto". Não usa coroa e esconde o rosto que é deformado, com uma máscara de bronze. 27 - OXUN IBU INARE Vive sobre o dinheiro e, na praia, sobre o caramujo aje. Esta Oxun não gosta de dar dinheiro a ninguém. 28 - OXUN AGANDARÁ. Esta Oxun nasce no Odu Ikadi. Vive sentada numa cadeira de braços ou num trono. Seu igba deve estar sempre coberta com folhas secas de oxibatá e oju oro. VERSOS_____________________________________________________________________ ÀDÚRÀ OSUN - Osun mo pé ó o! - N’ò pé o s’Ikú eni kankan - Béni n’ó s’árùn eni kankan, - Mo pé ó níní owo. - Mo pé ó sí níní omo, - Mo pé ó sí níní aláfià. - Mo pé ó sí òró. - Kí àwa má ríjà ami o, - Odoodún ní a mi orógbó. - Odoodún ní mí obi lóri àte o, - Odoodún ni ki wón ma rí wá o! - Bi a se, èyi ju bàyi lo, ni àmódún. - Òsun só wá, ki o máà sí wàbálà lárín àwa omo ré. - Kí ilé má jò wá. - Kí òna má nà wa o. - Pèsè àse fún wá o. - Eni ase àmódi ara. - Fun ní àláfià o. - Okó oba, àdá oba, kí ó ma sá wa lèsè o. - Kí àwa má rí Ogun idilé! TRADUÇÃO: - Oxun eu te chamo - Não te chamo por causa da morte, - Não te chamo por causa da doença de alguém. - Eu te chamo para que tenhamos dinheiro. - Eu te chamo para que tenhamos filhos. - Eu te chamo para que tenhamos saúde. - Eu te chamo para que tenhamos uma vida serena. - Para que não sejamos vitimados pela ira das águas. - Dizem que anualmente há orobôs na feira. - Dizem que anualmente há obís novos na feira. - Que as pessoas nos vejam todo o ano. - Do mesmo modo que fizemos tua festa, que possamos fazer outra melhor, no próximo ano. - Oxun, nos proteja, para que não haja problemas entre nós, teus filhos. - Para que haja paz em nosso lar. - Que nossos objetivos não se voltem contra nós. - Dá-nos axé! - À quem estiver doente, - Dá saúde! - Que as leis dos homens não sejam infringidas por nós. - Que não haja problemas em nossa família! ORIKI OSUN (Usado na Santeria de Cuba) Yeyé wáile unsebó umbó omiô. Alade olugbá ibú laiye Agbá mofé kiwo. Yeyé mi na muwá omi tutu nitosi uwenderé ati amagbe kpelu ré arun asó kele ati sagbe kpefu ré arun, aso kpele mitosí di onire bogbo na burukú iwo ikó . Olodumare obinrín okpa arô osátaní airô ati iwaju elo ojú ati rérin misin juló Legba ni bogbo na Osá aiyagbá ati olugba ni bogbo na wura ni laiya Iyami, Asé. TRADUÇÃO APROXIMADA: Mãe, venha à minha casa fazer o ebó através das águas. Rainha e Senhora de todos os rios, nós, teus filhos, suplicamos que tu, nossa mãe, traga-nos a água que limpa e refresca nossos corpos, e que nos seques depois com teus cinco panos para livrar-nos de todos os males. Oh, Mãe! Mensageira de Olodumare, Santa Iyagbá, dona dos cabelos, rosto, olhos e boca mais formosos do mundo, aquela que é dona do ouro, minha Mãe! Axé! LENDAS_____________________________________________________________________ ÌTAN DE ÒSUN Nigbá tí àun ó sì mo bò láti òdò Olódùmaré un ló kó okú omo lé lówó wípé eni tí òrìsà bá sèdá kalè tán, bi Òsun yò se móo pin omo fun gbogbo àwon tí omo kò bá fé gba inú won wáyé. Àti bí omo bá nwá ninú, eni ti ó mo se itójú rè ti kò fi ní í móo rí ìdàànú títí o fi móo wáyé. Tó bá sì wà sí ayé nàá, nígbà tí kò tíi ní òye tí kòì tí mò èdèé fò, gbogbo ònà àwòyè rè Òsun ni wón kó okùn omo lé lowo. Kò sì gbodò binú enìkan pé elèyí ni òtá mi, kò ye kó bimo tàbi elèyi ni òré mi. Isé ti won rán Òsun oùn nìyí, àun ni Ìyàmi àkókó, òun si ni Olùtójúu àwon omo láti nú títí di ìgbá ti yi ni òye táà ñ pè ní àwòyè Òsun ni álàwòyé omo. Bi Òsun ò ti se gbogbo bá enìkan sòtá nìyì. LENDA DE ÒSUN No tempo da criação, quando Òsun estava vindo das profundezas do òrun, Olódùmaré confiou-lhe o poder de zelar por cada uma das crianças criadas por Òrisà (Oxàlà), que iriam nascer na terra. Òsun seria a provedora de crianças. Ela deveria fazer com que as crianças permanecessem no ventre de suas mães, assegurando-lhes medicamentos e tratamentos apropriados para evitar abortos e contratempos antes do nascimento, mesmo depois de nascida a criança, até ela não estar dotada de razão e não estar falando alguma língua, o desenvolvimento e a obtenção de sua inteligência estariam sob os cuidados de Òsun. Ela não deveria encolerizar-se com ninguém a fim de não recusar uma criança a um inimigo e dar gravidez a um amigo. A tarefa atribuida a Òsun transforma-a na primeira Ìyá-mí, encarregada de ser a Olùtójú awon omo (aquela que vela por todas as crianças) e a Álàwòyè Omo (aquela de cura as crianças). Òsun não deve vir a ser inimigo(a) de ninguém. ... Òsun é a divindade do rio òsun em Ìjèsà na África, atravessando a cidade de Òsogbo onde lá existe seu principal culto, atravez do Atáója. (esse o Obá da cidade). Conta-se que o primeiro Obá de Osogbo estava as margens do rio òsun, quando esse pedia proteção e auxilio para vários problemas, foi quando um peixe pulou sobre seu colo e "cuspiu-lhe" água, vontando para o rio novamente. Sobre seu filá ficou depositado tal água que ele bebeu asfixiadamente. Após tal ato grande parte de seus problemas foram resolvidos e apartir de então ele, lá, aos pés de uma árvore criou o primeiro templo de Òsun, e transformou-se em "A-tewo-gbaeja", abreviando Atáója - aquele que aceita o peixe. Òsun, associada a procriação e a fertilidade, dona das águas doces e protetora de todas as crianças. (Excerto do livro "OS NAGO E A MORTE") OXUN Orê Yeyê ô! Oxum era muito bonita, dengosa e vaidosa. Como o são, geralmente, as belas mulheres. Ela gostava de panos vistosos, marrafas de tartaruga e tinha, sobretudo, uma grande paixão pelas jóias de cobre. Este metal era muito precioso, antigamente, na terra dos iorubás. Sí uma mulher elegante possuía jóias de cobre pesadas. Oxum era cliente dos comerciantes de cobre. Omiro wanran wanran wanran omi ro! "A água corre fazendo o ruído dos braceletes de Oxum!" Oxum lavava suas jóias, antes mesmo de lavar suas crianças. Mas tem, entretanto, a reputação de ser uma boa mãe e atende às súplicas das mulheres que desejam ter filhos. Oxum foi a segunda mulher de Xangô. A primeira chamava-se Oiá-Iansã e a terceira Obá. Oxum tem o humor caprichoso e mutável. Alguns dias, suas águas correm aprazíveis e calmas, elas deslizam com graça, frescas e límpidas, entre margens cobertas de brilhante vegetação. Numerosos vãos permitem atr

sábado, 31 de maio de 2014

IKÚ

Ikú palavra da língua yoruba que significa morte, identificado no jogo do merindilogun pelo odu owarin. É o único Orixá que incorpora em toda cabeça humana. Foi permitido e abençoado por Olodumare a conduzir o ciclo da criação. Designado a vir todos os dias ao Aiye escolher homens e mulheres a ser reconduzidos ao Orum, retirando o emi (sopro da vida), condição imposta para a renovação da existência. Sua celebração no ritual do Axexê comemora a volta do homem ao todo primordial, reafirmando o grande mistério e possibilitando outras vidas. Os vestes brancos neste ritual simboliza a verdade absoluta, morte e vida. Significados Kú - morrer Ikú - morte Òkú - corpo, morto Ikuwô - morreu Okulailai - morto para sempre, antigo (ancestral) Altair Bento de Oliveira, O reinício da vida, versando sobre os rituais fúnebres segundo as tradições Yorùbá e do Candomblé Afro-brasileiro.