sábado, 23 de maio de 2020

CULTOS E NAÇÕES DA CULTURA BANTU

CULTOS E NAÇÕES DA CULTURA BANTU
História e Cultura: Cultos e Nações da Cultura Bantu
Tata Kisaba Kavinajé(*)
A identidade do negro no Brasil, principalmente o negro Bantu foi selada no Rio de Janeiro em grande número e um pouco em Recife, Espirito Santo e São Paulo. Ao contrário do que muitos pensam o negro Bantu não desembarcou na Bahia, os negros que vieram da África para a Bahia são de origem Nigeriana. Na época da escravidão houve muitas fugas, e os negros fugidos de diversas nações juntavam-se em quilombos e senzalas na Bahia, daí, a confusão de diversas culturas africanas misturando costumes e dialetos.
Muitos navios vindos de Angola, Moçambique, principalmente os navios Boa Viagem e o navio Arsênia, traziam escravos Bantu dos portos de Molembo e Cambinda diretamente para o Rio de Janeiro, que na época era o maior porto do mundo em escambo (captura e venda de escravos). De meados de 1680 a 1830, 576 navios negreiros entraram no porto do Rio de Janeiro, pelas últimas pesquisas de antropólogos chegou-se a conclusão que durante esse período vieram para o Rio de Janeiro aproximadamente 700.000 escravos Bantu.

O negro escravizado, sofrido não tendo como cultuar suas tradições e nem livros para perpetuar seus mistérios e filosofia, que aos poucos foram se perdendo, pois tudo era passado de boca para ouvido, de pai para filho, e perdeu-se muita coisa, toda essa dificuldade que o negro Bantu como nenhum outro passou, permitiu que muitas raízes fossem destruídas e ocasionou interpretações tortuosas do culto, e para dificultar mais ainda os senhores de escravos forçavam a conversão ao catolicismo e muito da tradição foi sincretizada e deturpada. NAÇÕES DA CULTURA BANTU formavam tribos distintas na Cultura Bantu : tribos como, Congo, Angola, Zambia, Zimbabwe, etc.. que estiveram durante muito tempo sob domínio de povos da Europa, essas tribos Bantu de diversas regiões diferentes, tem como exemplo as tribos de Angola, Angolão, Angola Paketá, Angola Moketão, Congo Angola, Congo, Muxicongo, Benguela, Cambinda, Aruanda, Luanda, Makúa, Kassange, Eassange, Munjolo,. Rebolo, Angico e povos menores de diversas tribos da contra costa, formando assim, cultos diferentes que permitem uma prática variada e diversificada entre as nações Bantu.

Além disto, não podemos esquecer que fora a língua mãe que é o Kimbundu, existem ainda cerca de 274 dialetos diferentes. O negro Bantu era o preferido entre os de todas as nações, pois eram excelentes agricultores e já cultivavam na África o café e a cana -de- açúcar, pôr isso, foram trazidos em maior número para o Brasil, embora sendo bom agricultor o negro Bantu teve que ser distribuído pôr vários estados, fazendas, pois este negro estando em grupo se tornava muito difícil sua escravidão, pois era muito arredio, essa divisão pôr diversas regiões dificultou a unidade de seu ritual, que acabou se misturando, tornando sua doutrina mais difícil de ser agrupada e estudada, o que não aconteceu com o negro Ketú, que teve seu axé no estado da Bahia, podendo ter maior acesso e assimilação do seu culto e divulgação de suas tradições.

Mesmo com todas essas dificuldades o negro Bantu influenciou a Cultura Brasileira, deixando herança na mitologia, religião, culinária, dança e ritmos. Colaboraram em grande parte com o ritual folclórico brasileiro, com o Congo de ouro, contada(que lembra a rainha Ginga de Angola), o maculelê, a capoeira, o maracatu, o samba e ainda artes manuais dos hábeis Bantu.

Grande parte da cultura Bantu e de seu acervo foi destruído quando o ministro Rui Barbosa queimou as obras dos arquivos que falavam dos Bantu, obras escritas pêlos Apelegis (Sacerdotes) da cultura Bantu, discriminando a raça que ainda nos dias atuais é criticada pêlos herdeiros de outras nações de candomblé, esquecendo que a cultura Bantu é a portadora dos grandes segredos da força da natureza: é a cultura Bantu a dona dos segredos das Kisabas Zambibi (ervas sagradas).

Fonte: Bantos, Malês e Identidade Negra, Nei Lopes

(*) Espedito Azevedo é filósofo, especialista em Administração Legislativa e Gerenciamento de Projetos. Iniciado por Jiboin d’Nzambi é hoje Tata Kisaba do Terreiro Tumbalê Junçara, dirigido por Tata Talamonakô.

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