sexta-feira, 14 de maio de 2021

NJILA

Divindades: Njila Tata Kisaba Kavinajé(*) Pambu Njila é o agente de ligação entre o espaço físico e o espaço místico. É a ponte de ligação entre os seres humanos e os Minkisi. É o mensageiro, não essencialmente mau ou essencialmente bom, desempenha seus papéis e funções no espaço destinado ao culto.Aluvaiá é lançado como síntese de um pensamento social voltado ao sentimento mais humano à proximidade e identidade com o próprio homem, sem no entanto, colocá-lo distanciado do elenco místico. É aquele que gera o ciclo patronal dos Minkisi, estará acionando o próprio fundamento de tudo que possa entender de sagrado e significativo ao vínculo dos Minkisi e seus filhos.Sua inzo (casa) sempre a entrada dos barracões é a sua marca de guardião, sempre alertando e avisando e protegendo, é o compadre o amigo e guardião. Sem dúvida na velocidade dos seus caminhos, incomensuráveis pelo tempo, ocorre e corre sua fluidez, sabe do ontem, do hoje e do amanhã.É o Senhor dos Caminhos. Responsável pela guarda de nosso portão, ou seja, aquele que recebe a maiaca kindele (farinha branca) e a maiaca kianguim (farinha vermelha) e permanece em nosso portão, mantendo a ordem até o término do toque. Pambu Njila se caracteriza como Nkisi. É o que está mais próximo aos serem humanos e vários são seus caminhos. Alguns caminhos de Pambu Njila: Malele Mavile Sinzamuzila Mavambo Imbé Berequeté Kijanjá Mavilutango – responsável direto pela ordem do barracão. É o que recebe, realmente a maiaca. A ele saudamos e pedimos a segurança do Portão, para o bom andamento do Jamberessú (Siré). Quando dizemos que depachamos, não é a Pambu Njila que estamos despachando e sim, estamos o enviando a nossa porta para segurar as brigas, os invejosos, pontos de morte e espíritos perturbadores. Muitos usam o termo – “vou despachar Exú ou Pambu Njila” – o que na verdade deveria ser – “vou despachar a porta e lá deixar Mavilutango para fiscalizar e neutralizar as kizilas. É possível afirmar que se trata da vibração, da força, que interliga Nsi (Terra) e Duilo (céu). Pambu Njila atua como um interlocutor entre o profano (terreno) e o sagrado – condições constituintes deste Nkisi – que, sem dúvida alguma, trafega tanto pelo universo sobrenatural (mundo das forças inexplicáveis), para o qual buscamos explicações, e, também, pelo mundo material (morada dos seres humanos e de todas as coisas vivas que conhecemos). Essa energia, classificada como Pambu Njila, Mavile, Aluvaiá, etc, funciona como um elo e é o limite entre o astral e o material. As suas cores – o preto e o vermelho – afirmam alguns autores, significam: “o vermelho emana uma vibração de menor espectro visível ao olho humano, abaixo da qual tudo é negro, há ausência de luz”. Dizem, ainda, analisando por um outro ponto de vista: “o negro significa em quase todas as teologias o desconhecido; o vermelho é a cor mais quente, a forte iluminação em oposição à escuridão do negro.” Vejam que até em suas cores há contradição! Esta imensurável contradição, somada ao poder que lhe conferido para comunicar e ligar confere-lhe também o oposto, isto é, a possibilidade de desligar e comprometer qualquer comunicação. Portanto, a esta energia atribui-se o poder de construir e destruir, condição identicamente verificada nos seres humanos. Pambu Njila, aquele que sob as orientações diretas de Nganga Nzambi, assumiu a responsabilidade de atuar como condutor do complexo material, isto é, Nzambi criou o Universo animal, vegetal e mineral e os entregou a Pambu para, nos limites estabelecidos, administrá-lo. É POR ISSO QUE DISSEMOS QUE ELE É A FONTE DE COMUNICAÇÃO REAL ENTRE NÓS, OS DEMAIS MINKISI E NGANGA NZAMBI. (*) Espedito Azevedo é filósofo, especialista em Administração Legislativa e Gerenciamento de Projetos. Iniciado por Jiboin d’Nzambi é hoje Tata Kisaba do Terreiro Tumbalê Junçara, dirigido por Tata Talamonakô. Compartilhe isso:

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