sábado, 17 de setembro de 2011

ORIXÁ NANÃ,a senhora do reino da morte

     Nanã Buruku, orixá feminino de origem Daomeana, é, sem dúvida, muito antiga.
     Orixá dos mistérios, é uma divindade de origem simultânea à criação do mundo, pois quando Odudua  separou a água parada, que já existia, e liberou o saco da criação na terra, o ponto de contato desses dois elementos  formou-se a lama dos pântanos, local onde se encontram os maiores fundamentos de Nanã.
     Senhora de muitos búzios, Nanã sintetiza em si a morte, fecundidade e riqueza. Seu nome designa pessoas idosas e respeitáveis e, para os povos Jêje, da região do antigo Daomé, significa mãe.
     Ora perigosa e vingativa, ora praticamente desprovida de seus maiores poderes, relegada a um segundo plano amargo e sofrido, principalmente ressentido, Nanã possui não dois lados, como tantos orixás, mas sim um orixá dentro do outro.
     É ela quem reconduz ao terreno do astral as almas. É a deusa do reino da morte é, sua guardiã, quem possibilita o acesso a esse território do desconhecido.
     A senhora do reino da morte é, como elemento, a terra fofa, que recebe os cadáveres, os acalenta e esquenta, numa repetição do ventre, da vida intrauterina. Só através da morte é que poderá acontecer para cada um a nova encarnação, para novo nascimento, a vivência de um novo destino, e a responsável por esse período é justamente Nanã.

     Nanã é considerada pelas comunidades da umbanda e do candomblé, como uma figura austera, justiceira e absolutamente incapaz de uma brincadeira ou então de alguma forma de explosão emocional. Por isso está sempre presente como testemunha fidedigna das lendas. Jurar por Nanã, por parte de alguém do culto culto,  implica em compromisso muito sério e inquebrantável, pois o orixá exige que seus filhos e de quem a invoca em geral, a mesma relação austera que mantém com o mundo.
     Sendo a mais antiga divindade das águas, ela representa a memória ancestral de nosso povo; é a mãe antiga ( ìyá Agbà ) por excelência. É a mãe dos orixás  Iroko, Obaluayê e Oxumarê, e é respeitada como mãe de todos os outros orixás.
     Nanã é o princípio, meio e fim, o nascimento, a vida e a morte. Ela é a dona do axé por ser o orixá que dá a vida e a sobrevivência a senhora dos Ibás que permite o nascimento dos deuses e dos homens.
     Entre os símbolos de Nanã está o Ibirí que é feito de palitos do dendezeiro e nasceu junto com ela, na sua placenta. Ela representa a multidão de Eguns que são seus filhos na terra dos homens, os quais ela carrega como mimasse uma criança. Também pertencem a ela os búzios, que simbolizam a morte por estarem vazios e fecundidade por lembrarem os órgãos genitais femininos.
     Contudo o símbolo que melhor sintetiza o caráter de Nanã é o grão, pois ele domina também a agricultura, todo o grão tem que morrer para germinar.
     Nanã assegura uma vida saudável e com bastante força aqueles que a agradam; pode ajudar na maternidade, principalmente quando tudo indica que a criança não vai vingar, mas sua principal função é garantir o pão e o grão de cada dia a todos os que merecem.
     Juntamente com Obaluayê,Nanã forma a sexta linha da umbanda, que é a evolução. E enquanto ela atua na passagem do plano espiritual  para o material ( encarnação ),ela atua na purificação emocional, lançando-lhe irradiação única, que dilui todos os acúmulos energéticos, assim como adormece sua memória, preparando-o para uma nova vida na carne, onde não se lembrará de nada do que já vivenciou , evitando assim, que suas lembranças interfiram com o destino traçado para toda uma encarnação, e é por isso que Nanã é associada à senilidade, à velhice, que é quando a pessoa começa a se esquecer de muitas coisas que vivenciou na sua vida carnal.
                                         
                                                CARACTERÍSTICAS
Símbolo - vassoura de palha,bastão de hastes de palmeira (ibiri)
Dia - terça-feira (umbanda) e sábado (candomblé)
Cor - anil, branco e roxo ; roxo ( candomblé )
Elemento - terra e águas paradas e lamacentas
Metal - latão
Pedra - ametista
Saudação - saluba, saluba salu si, saluba Nanã (umbanda)
Domínio - os pântanos e a morte; saúde e maternidade
Comidas - efó, mungunzá, sarapatel, feijão com coco, pirão com batata roxa, jaca
Animais - rã
Fetiche - pedra marinha        

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