sexta-feira, 25 de outubro de 2019

ORÁCULOS BANTU


Oráculos Bantús
por Alexandre de Oxalá - Baba Alaíyé
17 Maio
Oráculos
Sistemas de adivinhação
Existem vários métodos de adivinhação, seja com dezesseis pedras retiradas do estômago de um crocodilo, utilizada em grande parte por tribos no interior da colônia de Serra Leoa, ou com dezesseis pedras comuns, feijão, nozes de palmeira, ou cawris. Isso explica a dezesseis sementes de palmeira correspondentes às doze casas do céu.
Nenhum dos sistemas adivinhatórios de origem Banto chegaram ao Brasil e os sacerdotes adquiriram da cultura yorubana o jogo de búzios.
Para se realizar tais práticas o sacerdote deve ser iniciado dentro dos ritos e ainda assim nascer para tal ato. Não cabendo assim de forma alguma ‘novos’ praticantes oriundos apenas pela leitura da forma de adivinhação descrita neste livro.
Ainda sim, existe a forma de jogo com os chifres e as mãos do consulente como respostas. Prática pela qual somente é feito após ter sido orientado pelo iniciador não sendo descrito adiante.
As práticas divinatórias acham-se extremamente espalhadas entre os Tongas. Envolvidos por tantas influências malfazejas, possuindo poucos ou nenhuns conhecimentos científicos e não tendo a noção de uma teologia, eles tentam obter respostas pelos diversos métodos que inventaram, e temos de admitir que chegaram, neste domínio, a um alto grau de habilidade. O seu intenso desejo de conhecer o que o futuro reserva está na base dos presságios e das práticas divinatórias.
Os Kamuku e os Gbari ou Gwari são povos vizinhos na província de Níger, ao norte da Nigéria. Entre os Kamuku, “para predizer o futuro”, metades de nozes de palmeira são agitadas dentro duma carapaça de tartaruga e depois apanhadas dentro da mão direita ou esquerda. elas são então contadas e, conforme fiquem na mão em número par ou ímpar, um sinal é feito no chão. Este procedimento é repetido oito vezes e se chega a uma significação de acordo com a combinação. Divinação com  metades de nozes de palmeira e um casco de tartaruga é comum entre muitas tribos, notadamente os Gwari.
Os povos do Caribe (particularmente os cubanos), pela impossibilidade de obterem o kesu, passaram a utilizar o coco em sua substituição, inclusive num tipo de jogo denominado "Oráculo de Biaguê", onde quatro pedaços de coco são usados em substituição aos quatro segmentos do kesu.
O casco da tartaruga são untados com uma base oleaginosa extraída da da semente de ricinus comunis, mel puro, raízes, além de elementos ritualísticos ao qual ninguém que não seja o adivinho poderá tocar.
Porção de coração de leão, pois este animal simboliza poder e dignidade.
Partes de patas, coração e a cabeça do urubu ou corvo. Pelo fato que a ave simboliza a visão superior do adivinho. É indispensável para a predição do futuro as partes deste animal.
O médium ou vidente com a intensão de aumentar sua facultade advinhatória consome o fruto tamarindo.
NGOMBO (Tupele twa mu Ngombo, Kioko) — 1. É uma pequena kinda (Kasanda) com objetos, dos mais variados e excêntricos, que a mente africana é fértil em conceber e destinada ao jogo de adivinhação. 2. Quando um dos convivas herdava um ngombo de um parente seu morto, mandavam o morto tomar conta do vivo e que, para já, faça-se a hamba ngombo, ou seja, espetavam no chão dois paus de mtilemba, em frente à porta da casa do vivo, degolava-se um galo e uma galinha e punham as cabeças em cada uma das extremidades dos paus. Desta maneira, acabavam-se os seus sofrimentos (BRASIO, s/a).
Outro nomes dados aos Ngombo e suas variações: Sisuka, Tupele, Ngombo, tizuka, sisalo, katwá, Lusangu, muiná, mbingá, maliya, kakuka, etc...
Ngombo é o cesto, certamente TUPELE é para Tchokwe (Kioko) o cesto advinhatório, sendo seu singular 'kapele' denominando cada ítem dentro do cesto.
Alguns livros relatam o 'cesto' Ngombo como simbolismo para todo um jogo onde compõem alguns elementos como: pedras, conchas e partes de animais. Incluem restos vegetais, cerâmicas, moedas, artefatos e estatuetas. Tal divinação cesta é chamado ngombo ya ya kusekula ou xisuka.
Para a iniciação a pessoa deve ser iniciado por um Nakabuna (sacerdote especialista em adivinhação) e só ele inicia um "Tahi" (adivinho de menor escala).
Os elementos que compõem essa forma oracular segundo pesquisas são: Chifre de antílope pequeno, pata dianteira de macaco, pangolim (semelhante ao tatu), pata de tamanduá, espinho de porco-espinho, dente de animal de caça envolvido num pano vermelho, unha ou garra de águia real, pata de kambangu, pena vermelha de um pássaro chamado Nduua, casco da tartaruga, pata de lagarto, cascas, lâminas, estátuas pequenas, quartzos, cabeça de camaleão, raízes, espelhos, pedras, cawris, cabeça de serpente, pemba, espiral de raízes, grãos, carcaça de animal marinho e garras e vários ossos de outros animais.
A cesta é confeccionada com uma raiz chamada ‘Kenge’.
Em Duala, a língua Bantu ao sul dos Camarões chamam-no "Ngambi" de "Ngan" o forte e "Nganja" sábio em ciencia oculta.
Dentre os métodos de adivinhação o Nganga (o feiticeiro) observa no sacrifício animal as moelas, fígado, intestino, veias, fibras, etc...
Os adivinhos, feiticeiros e curandeiros são conhecidos como: Nganga, Mubiki, Mumone, Musambo, Sudika Mambi, Kuma, Kisumba, Musakeri, Musakidi, Muxingidi, Mungombo uilenji, Mukunji, Mudiakimi, Mangaka, Mali-ala, Mandemtae, Mlauango-Songo, Mukuá-dibata, Munguolongesa, Isangoma (Zulu), Unguosakula,Umthakathi (bruxa zulu), Kimbanda, kambuna, Muzambudi e Muloji (feiticeiro destinado as práticas maléficas).
Vititi Mpaka Menso:
Se fixa a vista em um espelho ritualmente preparado num chifre de boi que em seu interior se introduz substâncias naturais para se conferir um caráter mágico. Resulta em uma adivinhação certeira quando bem ritualizado. Alguns materiais utilizados para o ritual: Coruja, papagaio, pica pau, chinchila, pitirre (pássaro que anuncia as coisas), cabeça de galo preto, uma moeda de prata, todo tipo de metal em pó, terras de vários locais, todo o tipo de pimenta, azougue, língua de galo, osso, folhas de tabaco, cinzas de tabaco, carvão natural, cabeça de cobra, dentes de javali, dentes de todo tipo de felino, cera virgem, ervas enteogêneas ou da divindade que regerá. Funcionará como os olhos da divindade, a essência. Quando é regido por Katendê se introduz olhos esquerdos de diversos animais. O chifre pode ser adornado com cawris. Os animais sacrificados ficam emcima do chifre e são posteriormente transformados em pó depois de secos. O uso de uma vela branca a frente do espelho é necessário na hora de sua
utilização. Podendo exercer os atributos da divindade regente emcima da cabeça do consulente para algum fim.
Fonte livro: Luvembo, raízes perdidas do fundamento Bantu.
(Registrado na Biblioteca Nacional do RJ)
No Brasil, não houve descendentes de qualquer tribo bantu que tivesse repassado o segredo de uma das várias formas oraculares. Então o Candomblé de Angola/Brasileiro assimilou ao seu culto o jogo de búzios yorubano.
Ngombo (Tupele twa mu Ngombo, Kioko)
É uma pequena kinda (Kasanda) com objetos, dos mais variados e excêntricos, que a mente africana é fértil em conceber e destinada ao jogo de adivinhação. Lançando um conjunto especial de ossos simbólico ou um conjunto de artigos selecionados simbólicas como, por exemplo, usando o osso da asa de um pássaro para simbolizar a viagem, uma pedra redonda para simbolizar um útero grávido, e um pé de aves para simbolizar o sentimento.
Outro nomes dados aos Ngombo e suas variações: Sisuka, Tupele, Ngombo, tizuka, sisalo, katwá, Lusangu, muiná, mbingá, maliya, kakuka, etc...
Outro oráculo da tribo congolesa Songye é o katatora ou ketola. Onde uma imagem semelhante ao Deus Janus é consultado através de um atrito.
Do verbo kutotola, significa bater em alguma coisa várias vezes para se obter algo.
Quase metade dos adivinhos Yaka são do sexo feminino: a transmissão matrilinear de habilidades divinatórias é através de ambos os sexos, que é de (classificatória) é irmão da mãe para o filho da irmã ou filha.
Makakata (hakata no singular) e Dzithangu (thangu em xona no singular)
Durante todo centro sul da África, instrumentos de adivinhação em forma de "dados" pequenos tabletes de madeira ou osso têm sido usados ??por um longo período, um conjunto de terem sido encontrados em Khami no Zimbabué, que data de cerca do século XVII.
Feitos de madeira (os maiores) e marfim (os menores).
Gbekre (Baule)
É um oráculo provavelmente de origem Guro e é uma das várias técnicas de adivinhação utilizado na sociedade Baule, que é praticado no leste e central da Costa do Marfim por povos de língua Agni, que incluem o Guro e Yaure.
Os jinganga passam vários anos dominar esta técnica de adivinhação.
O material do gbekre está contido dentro de um vaso de terracota no interior de um cilindro oco de madeira. Ossos de pássaros e morcegos.
Os camundongos são colocados na câmara baixa e passar pelo buraco no cenáculo, no qual o adivinho colocou dez pequenas varas (originalmente, pássaros ou morcegos ossos foram usados). Os pauzinhos, chamados nyma gbekre (literalmente, "os olhos dos ratos"), são revestidas com farinha e anexado em uma extremidade com a fibra da casca de uma tartaruga de terra.
Ngombo Galukoji
É um oráculo da tribo Pende. Instrumento de adivinhação congolesa.
Confeccionado em Madeira, bambu, penas, fibras, pedras, sementes arbrus, pós.
Medidas; 39,4 x 96,5 centímetros (15 1 / 2 x 38 polegadas).
Para o Nkobo, outras divindades podem também fazer parte do sistema adivinhatório e mesmo as regentes, dependendo de como foi confeccionado. Exemplo; Mukumbi nem sempre é a divindade oracular, mas ela também é muito difundida e usada na confecção do oráculo.
Este método de adivinhação consiste em um sistema aberto analógico em que o uso é feito de um conjunto variado de figuras ( L: atupeel, atupeedi ) e substâncias de origem animal e vegetal ( maamp ngoomb MA ).
Apesar de ser a maioria os homens a titularidade de advinho dos oráculos Bantu. A mulher tem seu papel nos 'Bayaka'.
Vititi Mboko: É pouquíssimo conhecido na América este sistema oracular por ter um caráter complicadíssimo, dado que seu ritual de fundamento não se transmitiu aos novos iniciados e que consta de um cesto com uns 70 utensílios como ossículos de animais, sementes, cawris, estatuetas em miniaturas, etc...
Vititi Chamalongo: Oráculo conhecido também como ‘bianguê’ e ‘kesu’ onde são usados 4 pequenas conchas que tem em suas parte convexas e umas pequenas manchas.
Vititi Kunda: Método oracular pouco usado dos advinhos Bakongos. De onde se usa um pequeno instrumento musical de nome ‘kunda’. O antropólogo Wyatt McCaffrey que o nome kunda está relacionado com o verbo ‘saudar ou homenagear’ e que parece se referir aos espíritos como papel mediador. Não leva espelhos e sinos em sua composição.
Vititi Nkobo: Outro sistema advinhatório Bantu também conhecido como: Vititi Nkobo, Sandu,
Kumulenga, xabalão, kanomputo e Ndungi.
 Sistema de advinhação: Os elementos são caroços de dendezeiro, sementes, folhas, ossos, cawris e vários elementos côncavos que representam um olho de Katendê.
Se recita o kuboka ua nkobo antes de iniciar o jogo fazendo 3 libações de água a Mavambu. São pedaços de caroços de dendezeiro partidos ao meio lembrando um olho ao qual o patrono deste jogo é Katendê. Se lavam em ervas em flor de laranjeira, folhas de algodeiro, salvia, folhas de orô, hortelã, folhas de guiné, manteiga de cacau (ori), babosa e os sacrifícios correspondentes como 2 pombas, deixando por 4 dias os caroços e os 2 cascos de tartarugas pequenos, assim como também o restante do material envolvidos em morin branco. As águas usadas são de rio e chuva de primavera. Pode ser jogado numa esteira no chão ou num tabuleiro medindo 3,5 cm e diâmetro de aproximadamente 50cm. Nos 4 lados se talha um simbolismo representando os 4 mundos principais.
Cada caída tem um significado numérico que correspondem a divindade regente. Esse significado numérico conhecido por ‘letras’
Se pergunta aos mortos e aos jinkisi aonde se deve levar as oferendas e se estão satisfeitos com o sacrifício oferecido. O sistema se vê com cinco palavras nada mais.
Se fecha a mão esquerda com os materiais advinhatórios e com a mão direita se toca a terra 3 vezes rezando o Kuboka ua Nkobo.
Se mentaliza o nome do Nkisi ao qual deseja perguntar.
Para conhecer as caídas se deve saber como estas caídas estão sendo para direita ou esquerda do chifre do bode ou antílope postos ao centro representando o infinito.
Se sabes na direita o números de Nkobo que cai em branco e na esquerda.
Quando os olhos caem virados os quatros para cima significam paz e positividade na questão respondendo Lembá e Nzaze.
Quando 3 olhos caem virados para cima e somente um para baixo, responde duvidoso e se a pergunta se repete e cai a mesma jogada, confirma ser duvidoso a questão. Respondem Mukumbi, Mikaiá, Nzaze e Mukongo Mbila.
Quando 2 olhos caem para cima e 2 para baixo responde a confirmação de Lembá para a questão em definitivo.
Quando 3 olhos caem fechado e apenas 1 aberto virado para cima responde desgraça e mau algouro. Os mortos respondem e também Matamba, Mavambu, Nsumbu, Nzingalubondo, Nzaze e Kiangu.
Quando os 4 olhos caem fechados para baixo responde intervenção judicial, desgraça e morte.
Se retorna a perguntar e se repetir o jogo a resposta é drástica tendo então que acender uma vela branca para os mortos e refrescá-los com água. Respondem Nzaze e Matamba.
Se jogam duas vezes para saber a direção que se dá ao jogo. Se é direita ou esquerda.
Quando caem em linha todos abertos significam um bom caminho, mesmo sendo direita ou esquerda.
Se cai um aberto e outro fechado por cima significa que a mulher tem mais de um homem.
Duas caídas abertas uma sobre a outra significa uma amizade entre duas mulheres.
Três ou quatro ‘nkobo’ na mesma posição significam homens que andam juntos e se pergunta que tipo de amizade os une.
Um nkobo aberto emcima de outro; mulheres. Se dois caem fechado um sobre o outro é briga de homens.
O de cima quer vencer o que está abaixo.
Se três caem abertos um sobre o outro significa relação entre mulheres e se caem fechados relação entre os homens e debilidade de caráter. o nkobo que estiver ao centro significa o pior e poderá ser processado pela justiça. Nesse caso se pergunta novamente.
Antes de recitar o kuboka ua nkobo, recitar a Nkukualunga
Nkukualunga tata kamuenhú monhi 2x
Ngana ia dilenga monhi
Nkukualunga ia dilenga monhi
Kuboka ua Vititi Nkobo :
Vititi Nkobo kupesa nsambu na mono, Vititi Nkobo mu Kuzola Kumonaka
Akilelenu kuene iambote (Que a luz seja boa)
Auhaxi kuene kutululuka (Que doença seja calma)
Amavambu kuene kutululuka iambote (Que mensageiro seja calmo e bom).
Nzambi ua kuatesá (Casa de Deus com fartura)
Nzambi ivua o kiriondo kiami (Deus escuta a minha súplica)
Akiami nzo ki kizangu (Que minha casa não entre trajédia)
Mbe Kana kala Fua (Que não haja morte)
Mbe Kana kala kulandulula kua manhinga (Que não haja derramamento de sangue )
Mbe Kana kala makutexi (Que não haja perdas)
Mbe he tena kudikoloxa niukexilu (Que se possa enxergar com clareza)
Mbe Kana Kuata mauhaxi nzo (Que não tenhamos doente na casa)
Mbe Kana kuata mulonga nzo (Que não tenhamos desavenças na casa)
Mbe Katende ngi nzela kudikoloxa ni e Tala (Que Katendê me permita enxergar com seu olho)
Kondos regentes:
01 Yosi
02 Yole
03 Itatu
04 Iya
05 Ifanu
06 Isabami
07 Isaboarê
08 Inana
09 Ifwa
10 Kumi
11 Kumi Yosi
12 Kumi Yole
13 Kumitatu
14 Kumi Iya
15 Kumi Ifanu
16 Kumi asabami
17 Kumi Inana
18 Kumi Inana
19 Kumi fwá
20 Yole kumi
21 Yole kumi yosi
OBS: Para sacerdotes que estão dentro do culto de origem Bantu poderá ser feito a iniciação para o oráculo NKOBO.
* O período de preparação para a montagem, fundamentação e execução até o momento de se poder jogar ao consulente é de 9 meses.
* Todos os animais necessários e utensílios para o oráculo são de responsabilidade do sacerdote que deseja obter este sistema adivinhatório.
* Não é iniciado a este sistema oracular para sacerdotes de outras culturas que não seja de origem BANTU.
* Neste sistema oracular, é essencial que o sacerdote tenha o assentamento de Katendê.
Parte integrante do livro:
Luvembo, raízes perdidas do fundamento Bantu
Registrado na Biblioteca Nacional, Palácio Gustavo Capanema

Célia Cristina Martins Almeida
Aprendi mais um pouco.

Olorún Modupé.

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