Orixá
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Na mitologia yoruba, orixás (yoruba Òrìsà; em espanhol Oricha; em inglês Orisha) são ancestrais divinizados africanos que correspondem a pontos de força da Natureza e os seus arquétipos estão relacionados às manifestações dessas forças. As características de cada orixá aproximam-nos dos seres humanos, pois eles manifestam-se através de emoções como nós. Sentem raiva, ciúme, demonstram vaidade, orgulho. Cada orixá tem ainda o seu sistema simbólico particular, composto de cores, comidas, cantigas, rezas, ambientes, espaços físicos e até horários. Como resultado do sincretismo que se deu durante o período da escravatura, cada orixá foi também associado a um santo católico, devido à imposição do catolicismo aos negros. Para manterem os seus orixás vivos, viram-se obrigados a disfarçá-los na roupagem dos santos católicos, aos quais cultuavam apenas aparentemente.1
Dos Ebora, da classe dos Igbá Imole, surgem os orixás Funfun (brancos, que vestem branco, como Oxalá e Orunmilá) e os orixás Dudu (pretos, que vestem outras cores, como Obaluayê e Xangô).Na mitologia, há menção a 600 orixás primários, divididos em duas classes: os Irun Imole (400) e os Igbá Imole (200), sendo os primeiros do Orun ("céu") e os segundos da Aiye ("Terra").
Olorun: orixá maior, supremo senhor do universo e de todos os orixás;
Oxalá: orixá da paz, da fé, do branco, dos lugares calmos, da pureza e da harmônia;
Orunmilá: orixá de muitos atributos, o senhor do destino, do espírito e dos sonhos;
Ifá: orixá dos jogos divinatórios, do destino, do futuro e da adivinhação;
Exu: orixá das encruzilhadas, das estradas, do movimento, das aldeias, das cidades, passagens, casas e pessoas. O mensageiro divino dos orixás, rei das portas, chaves, entradas e saídas;
Iemanjá: orixá do mar, da limpeza, da espiritualidade e da família. É mãe de muitos orixás, por isso é também tida como a orixá da maternidade;
Nanã: orixá dos pântanos, da lama, do barro do fundo dos rios, das doenças de pele, da morte e das chuvas;
Oxumarê: orixá do arco-íris, dos ciclos anuais da natureza, da magia e da transformação;
Bessém: orixá das serpentes, cobras, da chuva e da metamorfose;
Xangô: orixá dos trovões, do fogo e da justiça. Também é associado às pedreiras e rochedos;
Ogum: orixá dos metais, do ferro, da guerra, da politica, do fogo, do trabalho, das ferramentas, da tecnologia, do artesanato e dos ferreiros;
Oxossi: orixá da caça, da fartura, do sustento, das matas, das florestas e dos animais;
Obá: orixá das águas revoltadas, da guerra, da batalha, da vitória e do movimento dos rios;
Iansã: orixá dos raios, dos ventos e das tempestades. É também a guia dos mortos;
Oxum: orixá dos rios, das cachoeiras, das águas doces, do amor, da beleza, do ouro e do parto;
Yewá: orixá das possibilidades, da fertilidade, da música, das alegrias da vida, da neblina, dos nevoeiros, do gelo, da neve, do inverno, dos ciclos da água e do sereno;
Iroko: orixá da árvore sagrada, do tempo, das estações do ano e do clima;
Ossaim: orixá das folhas, das ervas medicinais, da saúde, do bem-estar e dos remédios;
Omulu: orixá da morte;
Obaluaiyê: orixá da vida, da dor, das doenças, do sofrimento e da cura;
Onilé: orixá mãe-terra;
Onilê: orixá protetor do lar e da moradia;
Otin: orixá da caça, das matas, do caçador e da cadeia alimentar;
Enrilé: orixá da natureza, da fauna, da flora, das matas, das florestas e da vida selvagem;
Abatán: orixá ligada à caça e a pesca;
Odé: orixá da primavera, dos campos, bosques e da madeira;
Apaoká: orixá da jaqueira;
Iyami-Ajé: feiticeira que representa tanto a figura materna, tanto como a bruxaria, o medo, a fome, a inveja e o ciúme;
Ajé Salungá: orixá da riqueza, da bênção, do sucesso, da saúde, da espuma do mar, das conchas, da paz no lar e da perfeição;
Ajá: orixá da direção dos ventos;
Aaajá: orixá da cura, das ervas medicinais, do fim da dor e da prevenção;
Olokun: orixá das profundezas dos oceanos;
Olossá: orixá dos lagos e lagoas;
Ayrà: orixá da união dos ventos e dos relâmpagos;
Egungun: espíritos dos ancestrais;
Orixá Oko: orixá da agricultura, da colheita e do crescimento dos vegetais;
Axabó: orixá das artes e da cultura;
Jakutá: orixá Sol;
Pombajira: orixá da noite, da lua, das estrelas, da paixão, das estradas, das encruzilhadas, da vidência e da feitiçaria;
Ibeji: orixás gêmeos da alegria, da infância, da diversão, da felicidade, da nascente dos rios, dos horrizontes e do brotar das flores;
Logunedé: orixá da prosperidade, da caça, da pesca, do amor, da beleza masculina e da lei;
Afefé: orixá do ar, das nuvens, da atmosfera e do oxigênio;
Orugan: orixá do fôlego;
Dadá Ajaká: orixá das frutas, dos legumes e dos vegetais;
Baiani: orixá protetor das crianças e dos recém-nascidos;
Oranian: orixá que tem duas cores de pele, criador dos tremores e terremotos;
Oxaguiã: orixá da juventude e da estratégia em guerra;
Oxalufã: orixá da velhice, da sabedoria e da paciência;
Ori: orixá da mente e das cabeças;
Aroni: orixá do ar seco, dos redemoinhos, furacões e das folhas secas;
Torosi: orixá esposa de Oranian, mãe de Xangô;
Imalegã: filho de Iansã, representa os ventos guiados pela mãe;
Iorugã: filho de Iansã, representa o amor e a vaidade da mãe;
Akugã: filho de Iansã, representa a rebeldia da mãe;
Urugã: filho de Iansã, representa a determinação e a capacidade de concentração da mãe;
Omorugã: filho de Iansã, representa o raciocínio e a atenção da mãe;
Demó: filho de Iansã, representa a agilidade da mãe;
Reigá: filho de Iansã, representa o lado vingativo da mãe;
Heigá: filho de Iansã, representa a maldade e a escuridão da mãe;
Egun Gun: filho de Iansã, recebeu o nome dos espíritos por representar a força e o poder sobre os mortos da mãe;
Okê: orixá das montanhas, montes e colinas;
Aganju: orixá dos vulcões;
Borumu: orixá dos desertos e dos cemitérios;
Ikú: a morte;
Acaró: acompanhante de Olokun, simboliza a morte no mar;
Samugagawa: acompanhante de Olokun, representa a vida no mar;
Oro Ína: orixá da chama sagrada, do fogo espiritual e do calor da vida;
Badé: orixá da justiça, da lei divina, das simpátias e dos juramentos;
Opará: orixá filha de Obá e Xangô, ligada ao firmamento das águas doces;
Orô: orixá da ancestralidade e da fertilidade masculina;
África
Na África cada orixá estava ligado a uma cidade ou a uma nação inteira; tratava-se de uma série de cultos regionais ou nacionais.
Sàngó em Oyo, Yemoja na região de Egbá, Iyewa em Egbado, Ogún em Ekiti e Ondo, Òsun em Ilesa, Osogbo e Ijebu Ode, Erinlé em Ilobu, Lógunnède em Ilesa, Otin em Inisa, Osàálà-Obàtálá em Ifé, Osàlúfon em Ifon e Òságiyan em Ejigbo.
A realização das cerimônias de adoração ao Òrìsá é assegurada pelos sacerdotes designados para tal em sua tribo ou cidade.
Brasil
No Brasil, existe uma divisão nos cultos: Ifá, Egungun, Candomblé Ketu, Candomblé Jeje e Candomblé Bantu, que são separados pelo tipo de iniciação sacerdotal.
- O culto de Ifá só inicia Babalawos, não entram em transe.
- O culto aos Egungun só inicia Babaojés, não entram em transe.
- O Candomblé Ketu inicia Iaôs, entram em transe com orixá.
- O Candomblé Jeje inicia Vodunsis, entram em transe com Vodun.
- O Candomblé Bantu inicia Muzenzas, entram em transe com Nkisi.
Em cada templo religioso são cultuados todos os orixás, diferenciando que nas casas grandes tem um quarto separado para cada orixá, nas casas menores são cultuados em um único (quarto de santo) termo usado para designar o quarto onde são cultuados os orixás.
Alguns orixás são só assentados no templo para serem cultuados pela comunidade, exemplo: Odudua, Oranian, Olokun, Olossa, Baiani, Iyami-Ajé que não são iniciados Iaôs para esses orixás.
A Iyalorixá ou o Babalorixá são responsáveis pela iniciação dos Iaôs e pelo culto de todo e qualquer orixá assentado no templo, auxiliada pelas pessoas designadas para cada função. Exemplo o Babaojé que cuida da parte dos Eguns e Babalosaim que é o encarregado das folhas.
Apesar de serem de origem daomeana, Nanã, Obaluaiyê, Iroko, Oxumarê e Yewá, são cultuados nas casas de nação Ketu, mas são muito raros os Iaôs que são iniciados, houve casos de passar vinte ou trinta anos sem se iniciar ninguém para esses orixás que são cultuados em locais separados dos outros.
Existem orixás que já viveram na terra, como Xangô, Oyá, Ogun, Oxossi, viveram e morreram, os que fizeram parte da criação do mundo esses só vieram para criar o mundo e retiraram-se para o Orun, o caso de Obatalá, e outros chamados Orixá funfun (branco).
Existem orixás que são cultuados pela comunidade em árvores como é o caso de Iroko, Apaoká, os orixás individuais de cada pessoa que é uma parte do orixá em si e são a ligação da pessoa, iniciada com o orixá divinizado; ou seja, uma pessoa que é de Xangô, seu orixá individual, é uma parte daquele Xangô divinizado, com todas as características, ou arquétipos.
Existe muita discussão sobre o assunto: uns dizem que o orixá pessoal é uma manifestação de dentro para fora, do Eu de cada um ligado ao orixá divinizado, outros dizem ser uma incorporação mas é rejeitada por muitos membros do candomblé, justificam que nem o culto aos Egungun é de incorporação e sim de materialização. Espíritos (Eguns) são despachados (afastados) antes de toda cerimônia ou iniciação do candomblé.
Bibliografia
- Ver: Anexo:Lista de livros com tema afro-brasileiro
- VATIN, Xavier. Rites et musiques de possession à Bahia. Paris: L'Harmattan, 2005.
- VERGER, Pierre Fatumbi, Dieux D'Afrique. Paul Hartmann, Paris (1st edition, 1954; 2nd edition, 1995). 400pp, 160 fotos em preto e branco, ISBN 2-909571-13-0.
- VERGER, Pierre Fatumbi, * Notas sobre o culto aos orixás e voduns. 624pp, fotos em preto e branco. Tradução: Carlos Eugênio Marcondes de Moura EDUSP 1999 ISBN 85-314-0475-4
- Orixás na visão de Carybé - Portal Robério de Ogum
Ligação externa
Ver também
- Santeria
- Anexo:Tabela de correspondência entre orixás, voduns e nkisis
- Anexo:Lista de federações e associações de umbanda e candomblé
Referências
- ↑ Osun Eyin, Pai Cido. Candomblé. A panela do segredo. Editora Arx, 2000. ISBN 8535402160 http://ocandomble.wordpress.com/os-orixas/
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